Ribeirão Preto, Domingo, 4 de outubro de 1998

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FÉ AMEAÇADA
Templo na Vila Prado, em São Carlos, tem rachaduras no teto e o chão afundou; USP prepara laudo
Igreja "condenada" sofre interdição

LUCIANA MARTINS
free-lance para a Folha

A igreja de Santo Antônio, no bairro Vila Prado, em São Carlos (101 km de Ribeirão Preto), está interditada porque corre risco do telhado desabar.
A interdição aconteceu há dez dias por engenheiros do Departamento de Estruturas da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos, que estão preparando um laudo técnico sobre a infra-estrutura da igreja.
O perigo de desabamento, segundo técnicos da USP, ocorre porque o solo está sendo rebaixado por causa do peso da igreja e provocando desníveis no telhado.
De acordo com o padre da igreja, José Carlos Frederice, 37, as missas estão sendo realizadas no salão paroquial. "Os técnicos da USP me aconselharam a transferir as missas de local enquanto a igreja estiver com problemas em sua construção", afirmou.
Antes da interdição, Frederice aconselhava os fiéis a cantarem baixo em suas missas com medo do teto desabar com a vibração.
De acordo com laudo preliminar dos técnicos da USP, todas as paredes e o chão da paróquia estão com rachaduras de cerca de cinco centímetros de largura.
O professor-assistente de engenharia, do Departamento de Estrutura da USP, Toshiaki Takeya, afirmou que as rachaduras na parede da igreja foram provocadas por um rebaixamento do solo.
"A carga em cima do solo é muito grande. Se a estrutura não for bem construída, ocorre a infiltração de água e o consequente rebaixamento de solo provocando desníveis na parede e rachaduras", explicou.
Uma calçada de cimento foi construída pela paróquia em volta de toda a igreja para tentar barrar a água da chuva e evitar a umidade, segundo informou o professor. "Depois que a calçada foi construída, o rebaixamento do solo foi estabilizado, mas ainda precisamos avaliar para sabermos se existe perigo de rebaixamento", disse.
O professor afirmou ainda que o laudo técnico deve ficar pronto dentro de três meses.
Enquanto o laudo da USP não fica pronto, uma construtora da cidade, que foi contratada por Frederice, resolveu começar a reforma de todo o telhado da paróquia.
"O telhado está irrecuperável. Por isso estamos fazendo a troca de todas as telhas", afirmou o engenheiro José Fernando Martinez, proprietário da construtora.
Martinez explicou que as antigas telhas de barro estão sendo trocadas por chapas de aço galvanizado. "O telhado deve ficar pronto dentro de 60 dias", disse o engenheiro.
Segundo Frederice, existem goteiras no telhado desde a época da inauguração da igreja, em 1950.
O custo do telhado deve ficar em cerca de R$ 50 mil e, para poder pagar a construtora, Frederice quer mobilizar a comunidade.



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