Ribeirão Preto, Quinta-feira, 05 de Fevereiro de 2009

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Joel Silva - 02.mai.05/Folha Imagem
Vista geral da Companhia Energética de Santa Elisa, que já demitiu 109 trabalhadores do setor administrativo e industrial

Com dívida de R$ 2 bi, Santelisa demite 109

Demissões começaram na última segunda-feira; sindicato se diz "apreensivo" com a situação do tradicional grupo

Empresa sucroalcooleira não divulga o valor da dívida e afirma não haver previsões sobre novas demissões este mês

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Com dívidas estimadas pelo mercado em R$ 2 bilhões, o Grupo Santelisa Vale, que detém cinco usinas na região de Ribeirão Preto, demitiu desde segunda-feira 109 funcionários dos setores administrativo e industrial. O grupo alegou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as demissões ocorreram por causa de "ajustes na produção".
Segundo Pedro Jesus Sampaio, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Álcool, Química e Farmacêutica de Ribeirão Preto e região, as demissões aconteceram em maior peso na usina Santa Elisa, de Sertãozinho.
"Estou apreensivo com a situação e disposto a fazer qualquer trabalho em prol do setor para garantir a manutenção do emprego", disse o sindicalista, para quem o contexto de crise econômica também está servindo de pretexto para oportunismo do empresariado.
Por enquanto, os cortes não atingiram os trabalhadores da área rural, que se reuniram com representantes da usina Santa Elisa há cerca de 15 dias. O motivo da reunião, de acordo com Miguel Ferreira dos Santos Filho, diretor da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo) em Sertãozinho, foi o atraso no pagamento do percentual de participação nos lucros da empresa, algo em torno de R$ 500 para cada um dos 1.800 trabalhadores.
"Esse pagamento costuma ser feito em duas parcelas. Uma seria paga agora em fevereiro. A outra, em agosto. Mas eles decidiram que vão pagar este ano tudo em agosto e garantiram que não haveria demissão", disse Filho.
Em janeiro, a Folha publicou que grupos como Bungue e Cosan estariam interessados na compra da Santelisa, mas não houve negociação à época. A dívida de R$ 2 bilhões estimada pelo setor não é confirmada pela empresa. Questionado sobre a possibilidade de novas demissões neste mês, o grupo Santelisa Vale respondeu que "não há previsões".
José da Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Açúcar, da Alimentação e Afins de Sertãozinho e região, afirmou que os cortes ainda não são de conhecimento da entidade. "Estamos ouvindo rumores, mas os trabalhadores ainda não nos procuraram", disse Silva.

Leilão
No dia 10 de março, o grupo Santelisa Vale participa de um leilão para vender desde equipamentos de almoxarifado de suas usinas, como peças de máquinas agrícolas, até equipamentos completos para indústria. A expectativa é que as vendas movimentem R$ 4 milhões, segundo Marcelo Atioli, diretor comercial da empresa E-machine, que realizará o leilão.
"O grupo substituiu algumas de suas máquinas e veículos. Por isso, manter essas peças de substituição não faria mais sentido. Os equipamentos da indústria foram substituídos por outros maiores e mais novos, mas servem perfeitamente para uma usina menor. Esse é um procedimento normal, que não tem relação com crise."


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