Ribeirão Preto, Terça-feira, 05 de Maio de 2009

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Com fruta quase madura, produtores temem falta de acordo com indústrias

DA FOLHA RIBEIRÃO

Enquanto esperam a laranja amadurecer no pé, o que deve ocorrer em 40 ou 50 dias, produtores da região já temem que a produção desta safra não seja comprada pelas indústrias.
Há 20 anos no setor de laranjas, o produtor Elio La Laina, 41, pensa em abandonar os citros. Ele possui 90 mil pés de laranja divididos em duas propriedades em Gavião Peixoto e Araraquara.
O produtor encerrou no ano passado um contrato de três anos, com valor de US$ 3,50 a caixa. Até agora, conta não ter sido procurado para negociar. "Cheguei a conversar com a indústria há dois, três meses para entrar em um pool [grupo de produtores], mas a indústria disse que ainda não tinha nada."
Laina, que também produz cana e grãos, quer abandonar "o quanto antes" a laranja. Ele culpa o governo pela falta de regras no setor. "Se tem que achar culpado, é o próprio Estado, que dá espaço ao oportunismo das indústrias."
Outro produtor da região, que não quis se identificar com medo de represália das fábricas, disse que conseguiu no fim do ano passado renovar o contrato para mais três anos. Porém, há duas semanas, a empresa o procurou para que o valor da caixa, acordado em US$ 3,50, fosse reduzido para US$ 3. "Não há condições, é quase o custo da produção. É trabalhar de graça."
A produtora Lenita Boechat, 55, cuja família planta laranja há 30 anos, não consegue contrato com indústrias desde 2006, quando negociou a produção a US$ 3 a caixa.
A alternativa foi vender a produção no sistema "fruta spot", forma segundo a qual a fruta é ofertada todos os dias na porta da fábrica.
Ela teme que a falta de contratos fixos afete até essa venda "freelancer". "Com essa pressão, de não fazerem ofertas de contrato, eu temo que terá muita laranja e as indústrias joguem o preço da fruta spot ainda mais para baixo." (JC)

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