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Com fruta quase madura, produtores temem falta de acordo com indústrias
DA FOLHA RIBEIRÃO
Enquanto esperam a laranja amadurecer no pé, o que deve ocorrer em 40 ou 50 dias,
produtores da região já temem que a produção desta safra não seja comprada pelas
indústrias.
Há 20 anos no setor de laranjas, o produtor Elio La Laina, 41, pensa em abandonar os
citros. Ele possui 90 mil pés
de laranja divididos em duas
propriedades em Gavião Peixoto e Araraquara.
O produtor encerrou no
ano passado um contrato de
três anos, com valor de US$
3,50 a caixa. Até agora, conta
não ter sido procurado para
negociar. "Cheguei a conversar com a indústria há dois,
três meses para entrar em um
pool [grupo de produtores],
mas a indústria disse que ainda não tinha nada."
Laina, que também produz
cana e grãos, quer abandonar
"o quanto antes" a laranja. Ele
culpa o governo pela falta de
regras no setor. "Se tem que
achar culpado, é o próprio Estado, que dá espaço ao oportunismo das indústrias."
Outro produtor da região,
que não quis se identificar
com medo de represália das
fábricas, disse que conseguiu
no fim do ano passado renovar o contrato para mais três
anos. Porém, há duas semanas, a empresa o procurou para que o valor da caixa, acordado em US$ 3,50, fosse reduzido para US$ 3. "Não há condições, é quase o custo da produção. É trabalhar de graça."
A produtora Lenita Boechat, 55, cuja família planta laranja há 30 anos, não consegue contrato com indústrias
desde 2006, quando negociou
a produção a US$ 3 a caixa.
A alternativa foi vender a
produção no sistema "fruta
spot", forma segundo a qual a
fruta é ofertada todos os dias
na porta da fábrica.
Ela teme que a falta de contratos fixos afete até essa venda "freelancer". "Com essa
pressão, de não fazerem ofertas de contrato, eu temo que
terá muita laranja e as indústrias joguem o preço da fruta
spot ainda mais para baixo."
(JC)
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