Ribeirão Preto, Quarta-feira, 05 de Maio de 2010

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Prédio histórico é parcialmente demolido

Destruição na Algodoeira Matarazzo, na Campos Salles, hoje pertencente a uma igreja, chega a 75%, diz dirigente de patrimônio

Imóvel foi comprado por igreja evangélica em 2001 e tombado sete anos depois, após processo que durou quatro anos


Edson Silva/Folha Imagem
Funcionários da prefeitura e membros do Conppac em blitz na Matarazzo, que teve parte demolida

LUIZA PELLICANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Símbolo da industrialização de Ribeirão nas primeiras décadas do século passado e com arquitetura que preservava o estilo inglês, o prédio da antiga Algodoeira Matarazzo, na rua Campos Salles, tombado por um órgão de preservação, foi parcialmente demolido, apontou blitz ocorrida ontem.
Dois galpões e parte de uma das fachadas do prédio, cuja construção foi iniciada em 1935, não existem mais, e a destruição pode chegar a 75% da área construída, aponta avaliação do arquiteto Cláudio Bauso, diretor do Conppac (Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município).
Não se sabe ao certo quando o imóvel foi demolido, porque o muro alto ao redor do terreno dificultou a fiscalização do Conppac e do Ministério Público, mas a descoberta ocorreu há 15 dias, após fiscalização da Promotoria, que percorreu imóveis tombados pelo conselho na cidade. "Aqui dentro [no terreno] não dá para saber o que acontece. Se alguém tivesse visto, não teríamos chegado a esse estado", disse Bauso.
Dona do imóvel, a Igreja Internacional da Graça de Deus afirma que a demolição ocorreu em 2008, com autorização da prefeitura, para que no local seja construído um templo.
O promotor Naul Felca irá investigar a destruição do prédio, comprado pela igreja evangélica em 2001 e que foi tombado pelo órgão municipal em 2008, após um processo que levou quatro anos. O pedido inicial previa o tombamento total, mas o Conppac definiu pela proteção das fachadas -uma das quais foi demolida.
"O imóvel estava em perfeitas condições na época do tombamento e, agora, a fachada foi destruída. Houve aqui um crime patrimonial", afirmou.
Segundo a presidente do Conppac, Cláudia Morrone, o imóvel precisa ser restaurado. "Vou aguardar o laudo do Conppac que vai avaliar as condições reais do imóvel", disse.
A secretária da Cultura de Ribeirão Preto, Adriana Silva, afirmou que um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi assinado pela Promotoria e a prefeitura na gestão de Welson Gasparini (PSDB) para que o prédio fosse mantido com suas concepções. "O último diagnóstico é que o local está abandonado", afirmou.
Uma reunião entre Conppac, Promotoria, proprietários do terreno e arquitetos da Igreja será feita hoje para discutir os pontos do acordo referentes ao tombamento do imóvel.


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