Ribeirão Preto, Domingo, 05 de Junho de 2011

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Secretários nomeados no governo Dárcy pagam "mesada" ao DEM

Doações, feitas até por não filiados, se intensificaram em 2009, primeiro ano da atual gestão

Luchesi, da Casa Civil, diz que contribuições são espontâneas; Latuf afirma que atendeu pedidos do partido


ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Nomeados por Dárcy Vera (DEM) a cargos de primeiro e segundo escalões na Prefeitura de Ribeirão Preto foram responsáveis, em 2010, por praticamente metade das doações ao diretório municipal do Democratas, também presidido pela prefeita.
As prestações de contas anuais do DEM à Justiça Eleitoral mostram que, na maioria dos casos, as doações de integrantes do governo começaram no primeiro ano de Dárcy no Executivo (2009) e se intensificaram no ano passado. Contribuições como essas são legais.
Antes, apenas a secretária da Assistência Social, Maria Sodré, e o diretor da Fundet (Fundação de Educação para o Trabalho), Genivaldo Gomes, eram doadores regulares do DEM de Ribeirão.
Agora, no entanto, há 16 nomeados que ajudam ou já ajudaram a bancar o diretório local (veja quadro nesta página). Nem todos possuem vínculo formal com o DEM.
É o caso dos secretários William Latuf (Governo e Transerp), Abranche Fuad Abdo (Obras), Osvaldo Braga (Fiscalização Geral) e José Luiz Pontim (Procon). Este último fez uma doação de R$ 200 em 2009, segundo as prestações de contas.
O secretário da Casa Civil, Layr Luchesi Júnior, mesmo sem cargo na direção do DEM, foi quem falou com a Folha sobre o assunto. Dárcy não quis se pronunciar, conforme assessores.
Luchesi afirmou que, embora as doações tenham sido realizadas após as nomeações, "os pagamentos ao partido nada têm a ver com o fato de essas pessoas ocuparem os cargos".
De acordo com as prestações de contas, porém, a ex-secretária da Saúde Carla Palhares, mesmo filiada, deixou de fazer contribuições depois que saiu do governo, em maio de 2010.
"Parei de contribuir financeiramente, mas continuo ajudando de outras formas", disse Carla. Ela é médica e cita como exemplo o atendimento que presta a pacientes "encaminhados" por Dárcy.
Segundo Luchesi, os valores são dados "espontaneamente". "Não há cobrança. A pessoa que quer contribuir faz o depósito diretamente no banco, de maneira transparente e legal", diz.
Mas não é o que afirmou William Latuf. "Comecei a fazer esse pagamento a pedido de pessoas do partido [DEM]. Eles me mandam um recibo, sempre de R$ 200, e eu pago", afirmou.
Já Abranche disse não se lembrar de ter dado dinheiro ao partido da prefeita. "Achei que estava pagando algum tipo de rifa ou ação entre amigos", disse.


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