Ribeirão Preto, Domingo, 05 de Junho de 2011

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Escritores fazem balanço sobre a Feira do Livro, que termina hoje

Para eles, evento deixa a impressão de que falta investir no livro

DE RIBEIRÃO PRETO

A 11ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto termina hoje após 11 dias de debates com escritores, apresentação de peças de teatro, leituras dramáticas, filmes e shows, mas deixa a impressão de que faltou investir na atração principal do evento: o livro.
A opinião é de autores que participaram da feira e foram ouvidos pela Folha.
A aposta em shows para atrair público não é unânime entre os escritores, pois tira o foco da literatura.
Foram ao menos 22 shows no palco principal, cerca de cem palestras com autores locais e nacionais e aproximadamente 30 expositores (livrarias e editoras).
Segundo o escritor Pedro Bandeira, autor de livros infantojuvenis, faltaram mais palestras ou ações que integrassem o público à literatura, como poetas declamando versos na praça.
Sobre as atrações musicais, foi taxativo: "Se acreditarmos que os livros e os autores não são suficientes para agradar o público, então fazer a feira do livro não é uma boa ideia".
Já para Isabel de Farias, presidente da Fundação da Feira do Livro, que organiza o evento, trazer Gal Costa para Ribeirão, por exemplo, foi o "trunfo" desta edição.
Tanto a cantora quanto autores tidos como "midiáticos", como Caco Barcellos e Amyr Klink, são "atrativos" para o grande público. "Com isso você chama a atenção para autores que não têm essa mídia toda."
Mas para a escritora Beatriz Bracher, a estratégia não dá certo caso não haja divulgação. "Se querem chamar autores desconhecidos, tem que dizer por que estão aí.
Caso contrário, é desperdício de dinheiro", acredita.
Ela diz que faltou a presença maior de editoras expondo seus catálogos em detrimento das livrarias.
O escritor e psiquiatra Augusto Cury sugere maior variedade de autores. "Não podemos esquecer que é uma feira do livro e que precisamos chamar autores nacionais, romancistas, valorizar o livro e a leitura", opina.
Crítica literária, Noemi Jaffe diz que faltaram grandes representantes da literatura atual. "Tinha muita gente boa, mas faltaram autores do Norte, Nordeste, para sair do eixo Rio-São Paulo", diz.

MUNDO MODERNO
"Não vejo prejuízo [com os shows] e também não imagino uma fórmula perfeita, a não ser reservar espaços isolados e calmos para conversas sobre os livros", diz o escritor Humberto Werneck.
Para Lya Luft, atrações diversas são estratégias que se repetem em outras feiras do gênero. "Essa agitação toda é do mundo moderno", diz.
Isabel de Farias diz que a curadoria é feita por formadores de opinião e representantes de unidades culturais e universidades. "Dependemos da agenda dos autores e priorizamos os que ainda não vieram à feira", explica.
Ainda não foi divulgado o balanço final, mas a organização esperava atrair cerca de 500 mil pessoas nesta edição. (ELIDA OLIVEIRA)


Colaborou ARARIPE CASTILHO


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