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Escritores fazem balanço sobre a Feira do Livro, que termina hoje
Para eles, evento deixa a impressão de que falta investir no livro
DE RIBEIRÃO PRETO
A 11ª Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto termina
hoje após 11 dias de debates
com escritores, apresentação
de peças de teatro, leituras
dramáticas, filmes e shows,
mas deixa a impressão de
que faltou investir na atração
principal do evento: o livro.
A opinião é de autores que
participaram da feira e foram
ouvidos pela Folha.
A aposta em shows para
atrair público não é unânime
entre os escritores, pois tira o
foco da literatura.
Foram ao menos 22 shows
no palco principal, cerca de
cem palestras com autores
locais e nacionais e aproximadamente 30 expositores
(livrarias e editoras).
Segundo o escritor Pedro
Bandeira, autor de livros infantojuvenis, faltaram mais
palestras ou ações que integrassem o público à literatura, como poetas declamando
versos na praça.
Sobre as atrações musicais, foi taxativo: "Se acreditarmos que os livros e os autores não são suficientes para agradar o público, então
fazer a feira do livro não é
uma boa ideia".
Já para Isabel de Farias,
presidente da Fundação da
Feira do Livro, que organiza
o evento, trazer Gal Costa para Ribeirão, por exemplo, foi
o "trunfo" desta edição.
Tanto a cantora quanto autores tidos como "midiáticos", como Caco Barcellos e
Amyr Klink, são "atrativos"
para o grande público. "Com
isso você chama a atenção
para autores que não têm essa mídia toda."
Mas para a escritora Beatriz Bracher, a estratégia não
dá certo caso não haja divulgação. "Se querem chamar
autores desconhecidos, tem
que dizer por que estão aí.
Caso contrário, é desperdício
de dinheiro", acredita.
Ela diz que faltou a presença maior de editoras expondo seus catálogos em detrimento das livrarias.
O escritor e psiquiatra Augusto Cury sugere maior variedade de autores. "Não podemos esquecer que é uma
feira do livro e que precisamos chamar autores nacionais, romancistas, valorizar
o livro e a leitura", opina.
Crítica literária, Noemi Jaffe diz que faltaram grandes
representantes da literatura
atual. "Tinha muita gente
boa, mas faltaram autores do
Norte, Nordeste, para sair do
eixo Rio-São Paulo", diz.
MUNDO MODERNO
"Não vejo prejuízo [com os
shows] e também não imagino uma fórmula perfeita, a
não ser reservar espaços isolados e calmos para conversas sobre os livros", diz o escritor Humberto Werneck.
Para Lya Luft, atrações diversas são estratégias que se
repetem em outras feiras do
gênero. "Essa agitação toda é
do mundo moderno", diz.
Isabel de Farias diz que a
curadoria é feita por formadores de opinião e representantes de unidades culturais
e universidades. "Dependemos da agenda dos autores e
priorizamos os que ainda não
vieram à feira", explica.
Ainda não foi divulgado o
balanço final, mas a organização esperava atrair cerca
de 500 mil pessoas nesta edição.
(ELIDA OLIVEIRA)
Colaborou ARARIPE CASTILHO
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