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Demolição no Aeroporto desabriga quatro famílias
Moradores estão fora de cadastro da Cohab e terão de deixar imóveis esta semana
Vinte e nove famílias iniciaram ontem a transferência para o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo
DA FOLHA RIBEIRÃO
A demolição de casas no Jardim Aeroporto, no entorno do
aeroporto Leite Lopes, que começou ontem, é acompanhada
com apreensão por quatro famílias da vizinhança. Ao contrário das 29 famílias que estão
de mudança para o conjunto
habitacional Paulo Gomes Romeo, na zona oeste de Ribeirão,
elas não terão direito a uma nova casa imediatamente.
De acordo com o presidente
da Cohab-RP (Companhia Habitacional Regional de Ribeirão
Preto), Rodrigo Arenas, essas
famílias não estavam no cadastro feito pelo órgão durante o
processo de "congelamento" da
favela -a partir de 2007, os
moradores foram avisados de
que não poderiam aumentar
nem negociar os imóveis, sob
pena de não terem direito às futuras casas. A previsão é que os
imóveis sejam demolidos ainda
esta semana.
As primeiras 29 casas derrubadas estavam em um dos locais mais expostos aos ruídos
do aeroporto Leite Lopes, fator
que levou seus moradores a terem prioridade no recebimento dos novos imóveis.
O churrasqueiro desempregado João Dantas Pereira disse
que fez o cadastro, mas, como
estava no trabalho quando os
funcionários da Cohab foram
confirmar os dados, perdeu o
direito. Morador do local desde
2007, pelo qual disse ter pagado R$ 9.000, ele afirmou não
ter para onde ir. "Não tenho família na cidade, nem dinheiro
para pagar um aluguel", disse.
Sua mulher, Ana Paula dos
Santos Neto, 28, reclama de
não ter havido nenhuma notificação formal sobre a situação
dos imóveis, apenas "avisos de
boca" de pessoas da Cohab.
De acordo com Arenas, o documento que ordena a desocupação vai ser entregue no dia da
remoção. "Eles sabiam que teriam de sair, só achavam que
esse dia não iria chegar", disse.
A situação da dona de casa
Francilene Teixeira Silva, 32, é
parecida: ela disse ter comprado a casa em 2007, antes do cadastro. O imóvel, porém, foi cedido por um mês para sua vizinha quando Silva engravidou
-ela tem deficiência física nas
pernas e disse ter mudado para
a casa da mãe, na mesma rua,
no último mês de gravidez.
Foi nesse período em que
não estava em casa que os funcionários da Cohab fizeram o
cadastro, e seu nome não foi incluído, segundo ela.
De acordo com o presidente
da Cohab, as quatro famílias serão incluídas no cadastro da
companhia, mas terão de esperar pela construção de novas
unidades. Ontem, 14 famílias
foram levadas para o novo bairro -o restante se muda hoje,
segundo a Cohab. Outras 692
casas estão sendo construídas
no Paulo Gomes Romeo.
No local da remoção será
construída uma praça, segundo
Arenas. Enquanto as obras não
são iniciadas, o local será cercado, para evitar novas invasões,
afirmou o presidente da Cohab.
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