Ribeirão Preto, Quarta-feira, 05 de Agosto de 2009

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Demolição no Aeroporto desabriga quatro famílias

Moradores estão fora de cadastro da Cohab e terão de deixar imóveis esta semana

Vinte e nove famílias iniciaram ontem a transferência para o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo

DA FOLHA RIBEIRÃO

A demolição de casas no Jardim Aeroporto, no entorno do aeroporto Leite Lopes, que começou ontem, é acompanhada com apreensão por quatro famílias da vizinhança. Ao contrário das 29 famílias que estão de mudança para o conjunto habitacional Paulo Gomes Romeo, na zona oeste de Ribeirão, elas não terão direito a uma nova casa imediatamente.
De acordo com o presidente da Cohab-RP (Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto), Rodrigo Arenas, essas famílias não estavam no cadastro feito pelo órgão durante o processo de "congelamento" da favela -a partir de 2007, os moradores foram avisados de que não poderiam aumentar nem negociar os imóveis, sob pena de não terem direito às futuras casas. A previsão é que os imóveis sejam demolidos ainda esta semana.
As primeiras 29 casas derrubadas estavam em um dos locais mais expostos aos ruídos do aeroporto Leite Lopes, fator que levou seus moradores a terem prioridade no recebimento dos novos imóveis.
O churrasqueiro desempregado João Dantas Pereira disse que fez o cadastro, mas, como estava no trabalho quando os funcionários da Cohab foram confirmar os dados, perdeu o direito. Morador do local desde 2007, pelo qual disse ter pagado R$ 9.000, ele afirmou não ter para onde ir. "Não tenho família na cidade, nem dinheiro para pagar um aluguel", disse.
Sua mulher, Ana Paula dos Santos Neto, 28, reclama de não ter havido nenhuma notificação formal sobre a situação dos imóveis, apenas "avisos de boca" de pessoas da Cohab.
De acordo com Arenas, o documento que ordena a desocupação vai ser entregue no dia da remoção. "Eles sabiam que teriam de sair, só achavam que esse dia não iria chegar", disse.
A situação da dona de casa Francilene Teixeira Silva, 32, é parecida: ela disse ter comprado a casa em 2007, antes do cadastro. O imóvel, porém, foi cedido por um mês para sua vizinha quando Silva engravidou -ela tem deficiência física nas pernas e disse ter mudado para a casa da mãe, na mesma rua, no último mês de gravidez.
Foi nesse período em que não estava em casa que os funcionários da Cohab fizeram o cadastro, e seu nome não foi incluído, segundo ela.
De acordo com o presidente da Cohab, as quatro famílias serão incluídas no cadastro da companhia, mas terão de esperar pela construção de novas unidades. Ontem, 14 famílias foram levadas para o novo bairro -o restante se muda hoje, segundo a Cohab. Outras 692 casas estão sendo construídas no Paulo Gomes Romeo.
No local da remoção será construída uma praça, segundo Arenas. Enquanto as obras não são iniciadas, o local será cercado, para evitar novas invasões, afirmou o presidente da Cohab.


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