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Sem água, morador cria reservatório
Casas do bairro Alto da Boa Vista têm água em reserva particular, que é bombeada para a caixa durante o dia
Com o tempo seco, nível está pela metade e há quem tome banho fora de casa ou use água da piscina para limpeza
Márcia Ribeiro/Folhapress
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Ana Maria Gonçalves mostra o nível baixo da piscina de onde retira água para lavar banheiros e o quintal de sua casa
DE RIBEIRÃO PRETO
A falta de água no Alto da
Boa Vista, bairro em zona nobre de Ribeirão Preto, é um
problema crônico, segundo
voz uníssona dos moradores.
A situação piora em épocas de estiagem, como a vivida desde junho. Pelos dados
da estação da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo), não chove na
cidade desde 16 de julho.
A dona de casa Ana Maria
Gonçalves, 65, moradora do
bairro, não precisa das informações da Cetesb para saber
que o tempo está seco. Basta
ver quão vazio está o seu reservatório particular.
Reservatório? É que, diante da escassez crônica de
água, moradores decidiram
construir reservatórios caseiros, abastecidos pela rede
pública durante a madrugada. Bombas elétricas levam a
água para as caixas d'água.
Mesmo com esse sistema,
o conforto de Gonçalves não
está garantido. É que há dois
dias sua casa não recebe a
água da rede pública e o reservatório está praticamente
sem água. "Não posso ligar a
bomba, porque não tem nada para ser bombeado."
Sem reserva, a dona de casa usa a água da piscina para
lavar banheiros e a área,
sempre cheia de poeira.
Há dois dias, ela toma banho na casa da mãe. As duas
máquinas de lavar estão paradas e a roupa é levada para
uma lavanderia particular.
Abigail Inocêncio Silva,
74, está há 14 anos no bairro.
Antes, quando morava na
rua Eliseu Guilherme, no
Boulevard, costumava se levantar às 6h. Por causa da
falta de água, acorda uma
hora antes para limpar janelas e a varanda da casa.
"Tenho um gasto grande
de energia por causa da bomba. Até para a descarga do
banheiro preciso ligar a bomba." O reservatório, de 7.000
litros, está na metade.
O comerciante Marcos Cenedeze, 46, conta que há
anos não liga mais para reclamar ao Daerp. Ele se garante com o reservatório,
porque água da rua, durante
o dia, não há. "Não sai uma
gota só." O problema é encontrado em duas torneiras,
no quintal e na pia de uma
área que está em obras.
As duas estão ligadas ao
encanamento da rua -ou seja, não funcionam. "A água
acaba às 9h e só volta à 0h.
Não há como não ter reservatório", disse.
(JULIANA COISSI)
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