Ribeirão Preto, Quinta, 5 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA
Perícia conclui que marcas em corpo de garota de programa foram causadas por acessório de camionete
Prostituta foi arrastada presa ao cinto

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

Análise preliminar feita pelo Instituto de Criminalística de São Paulo indica que a garota de programa Selma Heloísa Artigas da Silva, 22, estava amarrada ao cinto de segurança da camionete Pajero do empresário Pablo Russel Rocha, acusado de arrastar a garota até a morte, em Ribeirão Preto.
Os peritos deverão concluir que as marcas detectadas no pulso esquerdo da garota de programa têm a mesma largura do cinto de segurança da camionete.
O que leva os peritos a crer que ela provavelmente foi amarrada é o fato de que as marcas dão uma volta completa no braço da vítima.
Até o momento, os peritos não detectaram qualquer indício que os leve à conclusão que o homicídio tenha sido intencional.
Segundo eles, tanto ela pode ter se enroscado, quanto amarrada. Isso, no entanto, acreditam os peritos, dificilmente será esclarecido.
Os laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo são apontados como principais provas no caso, tanto pela acusação, quando pela defesa do empresário.
Amanhã, o empresário acusado do crime irá depor pela primeira vez no Fórum de Ribeirão Preto. Nessa fase do processo, o juiz Luís Augusto Freire Teotônio, que cuida do caso desde o início, decide se ele vai a júri popular.
Rocha foi denunciado pela promotoria por homicídio doloso (intencional), há duas semanas, quando foi decretada a prisão preventiva do acusado.
Em seu depoimento, ele afirmou que Selma ficou presa acidentalmente ao cinto de segurança da camionete. O crime aconteceu no dia 11 de setembro.
Os peritos de São Paulo ainda irão concluir outros dois laudos, químico e bioquímico, requisitados para mostrar em que ponto da camionete houve atrito com o corpo da vítima.
No inquérito policial, não há descrição de como a garota foi arrastada, presa pelos braços à lateral do veículo.
Depois de concluídos os laudos periciais, que devem ficar prontos esta semana, de acordo com o IC, será feita a reconstituição do caso.

Reviravolta
Ontem, o advogado Said Issa Hallah, 63, abandonou a defesa do empresário acusado pelo crime.
Hallah disse que sua presença como advogado de defesa poderia estar prejudicando seu cliente, preso desde o dia 14 de setembro, quando se apresentou para prestar depoimento à polícia.
"Cheguei à conclusão que a própria Justiça estaria me vinculando a um outro caso e que isto não estaria beneficiando meu cliente", disse o advogado.
Hallah também é advogado de defesa do empresário Marcelo Cury, acusado de matar duas pessoas e tentar matar mais uma no dia 5 de abril do ano passado, durante uma briga em frente à choperia Albano's, em Ribeirão Preto.
Mesmo abandonando o caso, Hallah reafirmou a inocência de Rocha. "A descrição do crime feita pelo meu cliente bateu totalmente com o que ficou comprovado nos laudos do Instituto de Criminalística."
O advogado Luís Carlos Bento assume o caso a partir de hoje. A Folha não conseguiu falar com o novo advogado de defesa do empresário.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.