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Ribeirão tem 1 separação para cada 2 uniões
Pesquisa do IBGE revela que essa proporção já foi bem maior em 2004, quando havia oito casamentos a cada dissolução
Uma das razões da alta dos divórcios é a lei aprovada em 2007 que permite a casais sem filho se separar diretamente no cartório
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Para cada dois casamentos
que acontecem em Ribeirão
Preto, há um casal que desfaz
sua união, por separação judicial ou divórcio. É o que revelam as Estatísticas do Registro
Civil 2007, divulgadas ontem
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Em números absolutos, Ribeirão registrou no ano passado 3.475 novos casamentos.
Por outro lado, 1.709 casais se
separaram judicialmente ou se
divorciaram.
A diferença entre o número
de casados e de separados já foi
bem maior em Ribeirão. Em
2004, acontecia uma dissolução (separação judicial ou divórcio) para cada oito casamentos. Ou seja, houve 2.846
matrimônios e 336 dissoluções
no período (veja quadro nesta
página). Ribeirão está bem à
frente da proporção de casamentos e dissoluções detectada
no país. Segundo o IBGE, a cada
quatro uniões no país, um casal
se divorcia ou se separa.
A maior proximidade entre
casamentos e separações mostra uma evolução da sociedade
em lidar com novas formas de
casais, na opinião do supervisor
de estudos das pesquisas sociais do IBGE, Marco Antonio
Ornelas. "A população hoje tem
uma maior facilidade cultural
de aceitar casamentos que se
desfazem e os novos que surgem." Outra explicação, segundo ele, é que os divórcios cresceram em 2007 com a aprovação de uma nova lei federal. Ela
permite a casais que não tenham filhos se divorciar diretamente nos cartórios, sem precisar recorrer à Justiça, desde
que haja consenso.
A separação é uma etapa que
antecede o divórcio, procedimento necessário para quem
quer se casar de novo. Para obter o divórcio, o casal deve estar
separado há um ano oficialmente ou dois anos de fato.
Segundo o pesquisador, os
casamentos ainda crescem, entre outras razões, devido aos
casamentos coletivos, que formalizam uniões que já existem
há algum tempo.
A pesquisa do IBGE aponta,
ainda, que 77,9% dos casais em
Ribeirão se separam de forma
consensual e que a maioria,
70%, tem filhos. Além disso,
entre os que decidem se casar,
em 20% dos casos pelo menos
um dos cônjuges é separado.
Na opinião do advogado Rui
Geraldo Camargo Vianna, especialista em direito de família
e professor da USP de São Paulo, o casamento deixou de ser
uma instituição religiosa, entendida como indissolúvel.
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