Ribeirão Preto, Sábado, 5 de dezembro de 1998

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VIOLÊNCIA
Ladrão e PMs trocam tiros por 12 quadras em área nobre de Ribeirão antes de ser morto em estacionamento
Assaltante morre em tiroteio no centro

ALESSANDRO SILVA
da Folha Ribeirão

Um assaltante morreu baleado próximo à avenida Nove de Julho, o principal pólo financeiro de Ribeirão Preto, ontem, depois de trocar tiros com a polícia no meio das ruas da região central da cidade por mais de 12 quadras.
Segundo a polícia, ele assaltou três pessoas em dez minutos, tentou sequestrar uma família e invadiu um estacionamento, tentando fazer um garoto de 16 anos como refém, sendo morto em seguida.
Até ontem à noite, a polícia não sabia a identidade do assaltante.
A arma que ele usava, uma pistola calibre 380, pode ter sido roubada da casa do promotor de Justiça Carlos Cezar Barbosa no último fim-de-semana, em Ribeirão.
De acordo com a polícia, a confusão começou por volta das 14h45, na avenida Bernardino de Campos, no Higienópolis, área nobre de Ribeirão Preto.
Dois homens armados tocaram a campainha da casa do comerciante Wagner Volta, 35. Ele foi cercado assim que abriu a porta.
"Fingi que estava tento um infarto, consegui trancar a porta e gritei por socorro", afirma.
Os assaltantes ainda teriam se assustado com a chegada de um amigo do comerciante. Fugiram a pé.
Um deles, o que foi morto, roubou um carro na esquina e levou o comerciante Sergio Nóbile, 28, e suas duas sobrinhas, de 12 e 6 anos, como reféns. "Por causa do trânsito, paramos depois de duas quadras e ele saiu", disse Nóbile.
Na frente do Monza, o assaltante fez a terceira vítima. Roubou a moto do auxiliar de lavanderia Mauro Aparecido de Lima, 37, ainda de acordo com as testemunhas.
Nesse momento, o assaltante recebeu ordem de prisão do sargento José Humberto de Araújo, que passava pelo local sem farda, em horário de folga.
Houve troca de tiros na frente do Hospital São Francisco. "Tive medo de atingir outras pessoas, mas precisei reagir para não morrer", afirmou o policial militar.
Foram disparados pelo menos oito tiros na frente do hospital, segundo testemunhas e o PM.
Mesmo baleado no braço e no peito, o assaltante fugiu a pé, cruzou a avenida Nove de Julho e entrou no Estacionamento Sumaré, na avenida São José, onde tentou pegar um adolescente como refém.
Cercado por mais dois policiais, ele teria revidado os tiros. De acordo com a polícia, o ladrão chegou a ser levado por uma ambulância até o Hospital das Clínicas.
O segundo assaltante fugiu a pé e até o início da noite de ontem não havia sido encontrado.

Medo
O dono do estacionamento invadido pelo ladrão, Maurício Montans, trancou a porta do escritório assim que ouviu os disparos.
"Meu funcionário se enfiou embaixo de um dos carros para não ser feito refém", afirmou.
O garoto F.A.M., 16, disse ter levantado as mãos quando o assaltante entrou, mas conseguiu se esconder quando ele se virou para atirar contra os policiais militares.
As paredes do estacionamento ficaram manchadas com o sangue do assaltante.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. Com o ladrão baleado, os policiais acharam um relógio que havia sido roubado da casa do promotor.
A pistola estava com a numeração raspada e não pôde ser reconhecida pelo promotor de Justiça.


Colaborou Joel Silva, do "Notícias Populares"


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