Ribeirão Preto, Sábado, 5 de dezembro de 1998

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SAÚDE
Funcionários da secretaria e gerentes de unidades vão atender no fim-de-semana para suprir falta de médicos
Jábali põe "administrativos" em postos

da Folha Ribeirão

Funcionários da área administrativa da Secretaria da Saúde de Ribeirão Preto e das unidades de saúde foram escalados para suprir a falta de médicos durante o final de semana nos postos municipais.
Com a decisão dos médicos da secretaria de não fazer horas extras, os pacientes poderiam ficar sem atendimento em algumas unidades, como é o caso da UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) do bairro Adelino Simioni.
Na unidade, não havia nenhum médico escalado para trabalhar e o final de semana teria que ser preenchido com horas extras.
De acordo com o auxiliar do Departamento Médico da secretaria, José João da Silveira, as UBDSs do Sumarezinho e do Castelo Branco devem funcionar sem pediatras.
"As distritais da Vila Virgínia, Simioni e Central vão funcionar com o serviço integral", afirma.
Normalmente, as unidades funcionam com pelo menos dois pediatras e dois clínicos-gerais. As cinco UBDSs fazem cerca de 2.500 atendimentos por fim-de-semana.
As unidades de saúde têm um déficit de pelo menos 19 médicos, segundo a secretaria. Não foram preenchidas as vagas de profissionais que deixaram suas funções nos últimos seis meses.
"Como os médicos não aceitam fazer horas extras, tivemos que arrumar outra solução. Eu mesmo vou trabalhar no plantão do fim-de-semama", disse Silveira.
Ele afirmou que gerentes de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) também vão atender pacientes. "Apesar de não ser nossa função normal, somos todos médicos e podemos fazer isso."
Para Marcelo Bigal, diretor do Sindicato dos Médicos do Nordeste do Estado, a solução encontrada pela secretaria para evitar falta de atendimento é boa.
"O sindicato acha ótimo que os burocratas da secretaria trabalhem no atendimento de pacientes. Assim, a população não sai prejudicada e eles têm a oportunidade de conhecer as condições de trabalho dos médicos", disse.
Os médicos decidiram deixar de fazer horas extras em assembléia na última terça-feira porque a prefeitura não paga as que estão em atraso há dois meses.
No dia 30, a prefeitura também pagou apenas 70% dos salários de todos os servidores e deixou de pagar a 1ª parcela do 13º.
Para o diretor do sindicato, a categoria está cumprindo a decisão de suspender as horas extras.
"Com a atitude tomada, a secretaria reconhece que os médicos não estão de fato fazendo horas extras. Só nos resta saber por quanto tempo eles vão atender nos postos e o que vão fazer na terça-feira, quando os servidores pararem. Varrer as ruas?", pergunta.
Na terça, os servidores pretendem fazer um dia de paralisação em protesto contra o atraso.



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