Ribeirão Preto, Sexta-feira, 06 de Fevereiro de 2009

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Ribeirão elabora plano para definir déficit de área verde

Programa da Secretaria do Meio Ambiente busca descobrir também quais são as espécies plantadas em Ribeirão Preto
Plantio de espécies inadequadas fez quatro árvores serem extraídas ontem na rua João Bim, interrompendo o trânsito

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Árvore canelinha com cerca de 20 anos e 10 m de altura foi cortada por estar condenada, na João Bim


VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Para definir qual o déficit de área verde em cada região da cidade e quais são as espécies de árvores plantadas no município, a Secretaria do Meio Ambiente de Ribeirão Preto está elaborando um Plano Diretor de Arborização.
Os dois principais focos do plano hoje são os condomínios e o centro expandido, região que inclui a Vila Tibério, o Campos Elíseos e a Vila Virgínia, de acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Henrique Alonso Toldo, um dos técnicos da pasta que trabalham na elaboração do plano.
"Em Ribeirão Preto não temos ainda levantamento do arvoredo de uma forma individualizada, quais estão sob risco de queda, quais são as espécies. A partir desse estudo nós teremos condições de dizer isso", afirmou o engenheiro.
No "papel", Ribeirão foi planejada para ter 17,4 m2 de áreas verdes por habitante, mas tem somente 4,4 m2, segundo dados de 2006 da prefeitura. O preconizado pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana é existir 12 m2 de áreas verdes por habitante. Isso significa dizer que o déficit verde de toda a cidade corresponde a 574 hectares, área equivalente ao campus da USP local, ou a 745,45 campos de futebol.
Além de mapear as áreas verdes e a falta de árvores na cidade, o Plano Diretor de Arborização vai ajudar os governos a definir políticas e metas para a área ambiental. Outra função será a de alterar alguns pontos do Código Municipal do Meio Ambiente, especialmente os que se referem a multas aplicadas a quem extrai árvores sem autorização da prefeitura.
"Hoje, se uma pessoa entra com um processo para extração de árvores na prefeitura e esse processo é indeferido, mas mesmo assim as árvores são extraídas ilegalmente, ele vai pagar uma multa mínima, que acaba estimulando essa prática. Em algumas cidades, a multa mínima é de R$ 500", afirmou o engenheiro.
Segundo o chefe da divisão de fiscalização da prefeitura, José Augusto da Cruz, a multa aplicada hoje para quem extrai árvores ilegalmente varia entre R$ 100 e R$ 500.
Para o engenheiro agrônomo José Carlos Martins de Nóbrega, presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, mais que penalizar quem extrai árvores irregularmente, a prefeitura deveria estimular quem contribui com a arborização da cidade. "Temos um déficit muito grande de arborização na cidade. Claro que somos favoráveis à multa, mas somos mais favoráveis ao estímulo à manutenção e ao plantio", disse.

Erro
Outro problema na cidade, segundo Toldo, é o plantio de árvores inadequadas em vias públicas e áreas particulares. Ontem, por exemplo, quatro árvores precisaram ser extraídas na rua João Bim porque a raiz de uma delas, da espécie canelinha, estourou a tubulação da rede de água.
O trânsito precisou ser interrompido do início da manhã até o começo da tarde porque as árvores eram de grande porte e tinham alcançado até 12 m de altura. A Folha não conseguiu ouvir o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) sobre possíveis prejuízos ao abastecimento de água na região onde a extração das árvores foi realizada.
"Nosso maior problema hoje é o ficus, que foi moda em uma época. A raiz dessa árvore, que pode chegar a 20 metros de altura, só cresce na horizontal. Quando ela encontra a rede de água, arrebenta tudo", afirmou Toldo. Para as calçadas com fiação elétrica, ele disse recomendar o plantio de árvores de porte baixo, que alcançam até 5 m, como a falsa murta, a grevilea anã e o resedá.
Algumas espécies de pequeno porte e apropriadas para vias públicas podem ser retiradas gratuitamente no Horto Municipal, na avenida Manoel Antônio Dias, s/nº, no bairro Jardim Marchesi.


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