Ribeirão Preto, Terça-feira, 06 de Junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUESTÃO AGRÁRIA
Grupo de sem-terra diz ter reagido a disparos dos funcionários da usina Nova União, de Serra Azul
MST apedreja ônibus após confronto

Lucio Piton/Folha Imagem
Ônibus apedrejado próximo a acampamento do MST


DA FOLHA RIBEIRÃO

Um grupo formado por cerca de 50 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) apedrejou um caminhão-pipa e um ônibus após um confronto com os funcionários da usina Nova União, anteontem à noite, em Serra Azul. Segundo a polícia, não houve feridos.
Esse foi o primeiro incidente registrado no local, que foi invadido em 17 de abril. Cerca de 150 famílias estão acampadas na área.
A direção do MST e o Ministério Público alegam que as terras pertencem ao governo do Estado de São Paulo, enquanto a direção da usina reivindica a posse da área ocupada pelo movimento.
O conflito teve início após os funcionários da usina colocarem fogo em uma parte do canavial próxima ao acampamento.
Ao perceber o fogo, membros do MST foram até o local para impedir que o acampamento fosse atingido pelas labaredas.
O coordenador do acampamento do MST em Serra Azul Vanderlei Lima da Silva afirmou que o ataque aos veículos foi uma reação contra os seguranças que disparam tiros contra o grupo.
"Quando chegamos ao local, os funcionários da usina começaram a atirar contra nós. Revidamos com pedras. Eles deram pelo menos quatro tiros", disse Silva.
Ele afirmou que o grupo está armado com enxadas, facões e outras ferramentas. No entanto, o coordenador do MST disse que o objetivo das ferramentas era "apagar o fogo".
"As ferramentas foram levadas com a intenção de combater o fogo. Além disso, apenas reagimos ao ataque dos seguranças da usina", disse Silva.
A Polícia Civil de Serra Azul, que registrou boletim de ocorrência como dano qualificado e furto, afirmou que não foi encontrada nenhuma arma de fogo entre os envolvidos no local.
O promotor de Cravinhos Wanderley Trindade esteve ontem no local e afirmou que o terreno queimado está dentro da área pertencente ao Estado.
Ele afirmou que será aberto um inquérito civil para apurar uma possível negligência por parte da fiscalização local.
Além disso, o promotor disse que iria propor uma ação contra a usina Nova União por degradação do meio ambiente e desrespeito às normas de segurança no trabalho.
"Além de estarem utilizando uma área que pertence ao governo do Estado de São Paulo, eles estão cometendo várias irregularidades", disse Trindade.
O departamento jurídico da usina Nova União foi procurado pela Folha, mas até o início da noite não houve retorno.


Texto Anterior: Narcotráfico: CPI estadual assume investigações
Próximo Texto: Promotoria move ação contra usina
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.