Expectativa é receber hoje 40 mil pessoas no circuito de rua na zona sul

Nas décadas de 80 e 90, cidade fez a festa com jogos da seleção, finais do Paulista e torneios de vôlei de basquete

LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO

A disputa da quinta etapa da temporada da Stock Car hoje, na zona sul de Ribeirão Preto, coloca novamente a cidade na rota dos grandes eventos esportivos, após um hiato de quase nove anos.
A inédita etapa de rua da Stock no interior do Estado, com público que pode atingir 40 mil pessoas, deve atrair mais espectadores que os confrontos entre grandes clubes do futebol brasileiro e a própria seleção nacional.
Só a final do Paulista de 2001, quando o Botafogo perdeu o título para o Corinthians, atraiu tanta gente.
Hotéis com ocupação acima da média, agitação em bares, comércio e shopping centers e a expectativa de visibilidade da cidade com a corrida fazem com que Ribeirão resgate principalmente as décadas de 80 e 90.
Foi quando Recra (vôlei), Botafogo (futebol) e COC/Ribeirão (basquete) disputavam as elites de suas modalidades, arrebanhavam público cativo aos ginásios e ao Santa Cruz e deixavam a cidade então chamada de Califórnia Brasileira com um glamour que ficou no passado.
Na final de 2001, o fato de a cidade receber a disputa do Paulista gerou uma movimentação de cerca de R$ 3 milhões. Agora, a previsão é superar R$ 10 milhões.
O Santa Cruz abrigou, além da decisão de 2001, a final de 1995, entre Corinthians e Palmeiras. O estádio também recebeu dois jogos da seleção, o última em 1993, contra a Polônia (2 a 2).
No vôlei, Ribeirão viu a Recra ser campeã paulista (91/ 92), brasileira (93/94) e sul-americana (93/94). O time "morreu" em 2000. Destino idêntico teve o basquete do COC em 2006, após ser pentacampeão paulista (2001/ 05) e campeão (2003).

VISIBILIDADE
Para o presidente do Convention & Visitors Bureau, Márcio Santiago, mais do que garantir a injeção de dinheiro na economia local, a etapa da Stock Car servirá para dar visibilidade a Ribeirão e mostrar que a cidade está preparada para receber eventos desse porte.
"O diferencial [da Stock Car] é que existe um envolvimento geral da cidade. O impacto cultural disso, ao possibilitar uma mudança de hábito na população, que passa a ver o segmento de turismo de outra maneira, é fantástico", disse Santiago.
O presidente do sindicato dos hotéis e bares de Ribeirão, Carlos Marques, disse que outro diferencial da Stock Car é atrair para a cidade turistas com perfil de gastos mais elevado. Ele crê em um retorno em médio e longo prazos. "Turismo é vender a imagem [da cidade] e a Stock Car vai permitir isso."
Outro fator que facilita a reinserção de Ribeirão no circuito de grandes eventos esportivos, segundo o presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial), José Carlos Carvalho, é o fato de a cidade ter tradição na formação de atletas de ponta. No caso da Stock, a família Gomes é um exemplo disso.
"Essa área de esporte, associada ao turismo, traz um ganho muito grande para a cidade. No caso da corrida, ela é transmitida para todo o país. É realmente uma vitrine", disse.
O secretário do Turismo de Ribeirão, Humberto Pereira Lima, disse que o fato de existir um acordo para manutenção da Stock Car na cidade pelo período de cinco anos é suficiente para consolidar esse segmento de turismo esportivo. Segundo Lima, Ribeirão receberá R$ 7 milhões no prazo de três anos do Ministério do Turismo.

OPOSIÇÃO
A vereadora de oposição Silvana Rezende (PSDB) disse que todo evento que traz visibilidade e recursos é positivo, mas ela vê falta ação em outras áreas, como infraestrutura e saúde. "Não adianta maquiar a cidade para quem vem de fora, enquanto a população sofre com essas mazelas."

Colaborou MARCELO TOLEDO


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