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Região corta 1 milhão de pés de laranja por greening
53% das plantas erradicadas em SP por causa da doença eram da região
Doença avança nos pomares e, somada ao baixo preço que está sendo pago hoje pelas indústrias, está desestimulando produtores
Márcia Ribeiro/Folha Imagem
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Ricardo Bueno, de Jaboticabal, posa com laranjar no terreno em que ficava parte do pomar que ele erradicou por causa do greening
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O greening, considerado o
câncer da citricultura, foi responsável pelo corte de mais de 1
milhão de pés de laranja na região de Ribeirão Preto nos primeiros seis meses de 2009. Este número representa mais da
metade das plantas eliminadas
por causa da doença em todo o
Estado no primeiro semestre.
Os números são da Secretaria de Estado de Agricultura e
apontam outro fato preocupante: o greening está avançando na região. No primeiro semestre de 2008, 411 mil pés de
laranja tiveram de ser sacrificados por causa da doença, que é
transmitida por um inseto vetor. Neste ano, o total de plantas cortadas é de 1,09 milhão,
ou 165% a mais.
A microrregião de Araraquara foi a mais prejudicada: cortou 746 mil pés da fruta. As
plantas eliminadas na região
representam 0,7% do total
plantado -no Estado, esse percentual é de 0,4%.
"Não bastasse a crise pelo
qual passa a citricultura, o greening dificulta ainda mais. Essa
questão dificulta a decisão dos
produtores de continuar investindo em pomares, em renovar
as plantações", disse Flávio
Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos
Citricultores).
"É uma notícia muito preocupante, pois a gente notava
que o greening estava avançando mais lentamente aqui do
que em outras regiões", disse.
Independentemente do
avanço do greening, o setor sofre com os baixos preços praticados no mercado. Segundo
Viegas, o custo de produção por
caixa gira em torno dos R$ 15.
Ao mesmo tempo, a indústria
paga de R$ 3,50 a R$ 5,50 pela
caixa. "Só colhe a fruta quem
tem muita coragem. Tirar a laranja do pé neste cenário é prejuízo certo."
Mário Sérgio Tomazela, diretor de defesa vegetal da Secretaria de Estado da Agricultura,
disse que a doença está avançando em estágio perigoso. "Há
uma tendência de aumento na
incidência do greening no Estado. Por isso é preciso reforçar a
participação dos produtores. É
uma doença altamente destrutiva", disse.
O produtor Ricardo Bueno,
de Jaboticabal, sabe bem como
é sofrer com o greening. Mais
de 90% de seu pomar já foi cortado devido à doença.
"Eu tinha uns 2.000 pés. Hoje estou com menos de 200. E
acho que também já estão contaminados. Não sei mais o que
fazer, pois não adianta replantar, o greening reaparece. Estou pensando em abandonar a
laranja e plantar amendoim."
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