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HC faz 1º transplante de medula em bebê
Davi, de seis meses, nasceu sem o sistema imunológico e procedimento era a única chance de sobrevivência
Como a síndrome é de difícil diagnóstico, diz especialista, a maioria dos doentes não tem chance do transplante
DE RIBEIRÃO PRETO
Aos seis meses, o garoto
Davi foi o primeiro bebê a
passar por um transplante de
medula óssea no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão
Preto, um dos centros nacionais de referência nesse tipo
de procedimento.
O tratamento inédito no
hospital dá à criança uma
oportunidade que os dois outros filhos de Ana Cláudia
Serra, 27, não tiveram.
Os três nasceram com uma
doença conhecida como scid
(síndrome da imunodeficiência combinada grave), mas
só em Davi ela foi diagnosticada. Os outros dois, também meninos, morreram em
2006 e 2007, antes de completarem cinco meses.
Davi teve destino diferente
porque foi acompanhado pela equipe médica do hospital
desde o nascimento -o histórico da mãe foi o responsável pela atenção especial.
Entre o diagnóstico, aos 14
dias de vida, e o procedimento que transportou as células-tronco de um outro cordão umbilical para seu organismo, há 20 dias, a equipe
de transplantes de medula
do HC teve que se adaptar para receber seu primeiro paciente lactente. O cordão veio
de um doador dos EUA.
Segundo o pediatra do HC
Luiz Guilherme Darrigo Júnior, o transplante de medula é a única chance de sobrevivência para atingidos pela
doença, na qual o bebê nasce
sem sistema imunológico.
Isso significa que o seu organismo não é capaz de produzir defesas contra vírus e
infecções, por exemplo.
Como é de difícil diagnóstico e mata rapidamente, a
maior parte dos doentes não
tem a chance do transplante,
segundo o pediatra.
De acordo com o professor
Júlio Voltarelli, que coordena
o setor de TMO (Transplante
de Medula Óssea) do HC, o
paciente mais novo a passar
pela operação até então tinha dois anos.
O transplante em um bebê,
segundo ele, exigiu preparo
especial da equipe. "É um
trabalho muito complexo.
Não temos familiaridade
com crianças, a maior parte
dos nossos pacientes são
adultos", afirmou Voltarelli.
Davi, de acordo com o médico, abre caminho para que
outros lactentes, com doenças diversas, possam ser
transplantados no HC quando necessário.
RECUPERAÇÃO
Após seis meses trancada
na casa da mãe com o filho
para não expô-lo a doenças,
Ana Cláudia diz ainda estar
apreensiva com a recuperação que Davi tem pela frente.
Até que as células transplantadas passem a integrar
totalmente a defesa imunológica do bebê, ele tomará remédios e seguirá sob observação da equipe do HC.
Nos próximos dois meses,
o bebê e a mãe, que são de
Sertãozinho, ficarão em um
centro de apoio do próprio
hospital, para o tratamento.
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