Ribeirão Preto, Sexta-feira, 06 de Agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HC faz 1º transplante de medula em bebê

Davi, de seis meses, nasceu sem o sistema imunológico e procedimento era a única chance de sobrevivência

Como a síndrome é de difícil diagnóstico, diz especialista, a maioria dos doentes não tem chance do transplante

DE RIBEIRÃO PRETO

Aos seis meses, o garoto Davi foi o primeiro bebê a passar por um transplante de medula óssea no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto, um dos centros nacionais de referência nesse tipo de procedimento.
O tratamento inédito no hospital dá à criança uma oportunidade que os dois outros filhos de Ana Cláudia Serra, 27, não tiveram.
Os três nasceram com uma doença conhecida como scid (síndrome da imunodeficiência combinada grave), mas só em Davi ela foi diagnosticada. Os outros dois, também meninos, morreram em 2006 e 2007, antes de completarem cinco meses.
Davi teve destino diferente porque foi acompanhado pela equipe médica do hospital desde o nascimento -o histórico da mãe foi o responsável pela atenção especial.
Entre o diagnóstico, aos 14 dias de vida, e o procedimento que transportou as células-tronco de um outro cordão umbilical para seu organismo, há 20 dias, a equipe de transplantes de medula do HC teve que se adaptar para receber seu primeiro paciente lactente. O cordão veio de um doador dos EUA.
Segundo o pediatra do HC Luiz Guilherme Darrigo Júnior, o transplante de medula é a única chance de sobrevivência para atingidos pela doença, na qual o bebê nasce sem sistema imunológico.
Isso significa que o seu organismo não é capaz de produzir defesas contra vírus e infecções, por exemplo.
Como é de difícil diagnóstico e mata rapidamente, a maior parte dos doentes não tem a chance do transplante, segundo o pediatra.
De acordo com o professor Júlio Voltarelli, que coordena o setor de TMO (Transplante de Medula Óssea) do HC, o paciente mais novo a passar pela operação até então tinha dois anos.
O transplante em um bebê, segundo ele, exigiu preparo especial da equipe. "É um trabalho muito complexo. Não temos familiaridade com crianças, a maior parte dos nossos pacientes são adultos", afirmou Voltarelli.
Davi, de acordo com o médico, abre caminho para que outros lactentes, com doenças diversas, possam ser transplantados no HC quando necessário.

RECUPERAÇÃO
Após seis meses trancada na casa da mãe com o filho para não expô-lo a doenças, Ana Cláudia diz ainda estar apreensiva com a recuperação que Davi tem pela frente.
Até que as células transplantadas passem a integrar totalmente a defesa imunológica do bebê, ele tomará remédios e seguirá sob observação da equipe do HC.
Nos próximos dois meses, o bebê e a mãe, que são de Sertãozinho, ficarão em um centro de apoio do próprio hospital, para o tratamento.


Texto Anterior: Economia: Custo de vida em Ribeirão tem alta de 0,36% em julho
Próximo Texto: No ano, HC fez 32 transplantes de células-tronco
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.