Ribeirão Preto, Domingo, 06 de Novembro de 2011

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Igreja de Ribeirão celebra missa em latim

Frei da São Benedito é o único autorizado a esse tipo de celebração, liberada pelo papa Bento 16 há quatro anos

Mulheres utilizam véus e padre fica de costas para os fiéis; português é utilizado somente durante os sermões

GABRIELA YAMADA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


Os véus cobrem a cabeça das mulheres. O silêncio é quebrado, poucas vezes, pela entoação de cantos gregorianos e o padre permanece de costas para os fiéis -e de frente para o sacrário, simbolizando respeito ao local mais sagrado da Igreja Católica.
Há três meses, esse é o retrato de uma missa celebrada todas as manhãs de domingo na Igreja São Benedito, na região central, em Ribeirão.
E, seguindo todos os rituais da missa tradicional, é feita em latim pelo frei Márcio Henrique Pereira Ponzilacqua, que também é professor e dá aula de sociologia no curso de direito da USP.
"Essa missa aprecia a contemplação e o silêncio. O mistério de Deus transparece de forma mais intensa e, aos poucos, as pessoas vão se encontrando", disse o frei, que estudou o latim dentro da própria ordem franciscana.
Entre as diferenças da missa tradicional, nesta a comunhão é dada só pelo padre.
O véu na cabeça das mulheres é uma orientação dada por São Paulo em suas cartas sobre o recato feminino.
"Não é uma obrigação. Mas faz parte de todo o ritual e as mulheres acabam usando."
Na São Benedito, finos véus pretos e brancos são deixados na entrada à disposição das mulheres.
Para os fiéis acompanharem a missa sem que se percam no latim, o missal foi preparado com traduções e instruções, como o momento de se ajoelhar ou ficar em pé.
As palavras em português são ditas apenas nos sermões, quando o frei lê trechos do evangelho e faz suas considerações, em um período mais curto que na missa celebrada nos tempos de hoje.
"Essa missa não desmerece a outra. Mas é tradicional", afirma o frei, único autorizado a celebrar esse tipo de missa em Ribeirão Preto.
A missa em latim foi autorizada em Ribeirão pelo arcebispo dom Joviano de Lima Júnior depois de quatro anos do primeiro pedido feito pelo Grupo de Estudos São Pio 10, formado por amigos católicos de Ribeirão que têm como objetivo estudar e divulgar a doutrina tradicional e a história da Igreja.
"Até então, participávamos de missas tridentinas das cidades da região, como Franca, Restinga e Mococa", afirmou Rodrigo Lunardi, 34, que faz parte do grupo.
Pouco a pouco, o público da missa tridentina na São Benedito vai se tornando fiel, segundo o frei.
A dona de casa Patrícia Pereira Silva, 48, sai do bairro Monte Alegre para participar da missa. "É a missa feita do jeito que Jesus Cristo e todos os santos participavam."
Enquanto caminhava durante a manhã, a fisioterapeuta Analia Luiza Santana, 23, percebeu o início da missa e decidiu entrar. "Vi os véus na porta e peguei para colocar na cabeça. Não sabia que a missa era em latim, mas achei muito boa", disse ela, que chegou a se emocionar.


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