Ribeirão Preto, Sexta-feira, 07 de Maio de 2010

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Para abrir curso de medicina, UFSCar "usou" Santa Casa

Universidade considerou o hospital filantrópico como local para os estágios

Alunos que estão sem aulas, no entanto, dizem que coordenação do curso prometeu que internato seria no Hospital Escola

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Quando pediu autorização ao Ministério da Educação para abrir o curso de medicina, a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) considerou a Santa Casa -e não o Hospital Escola- como primeira opção para o internato, período em que alunos dos dois últimos anos estagiam em hospitais.
A informação contraria, segundo os estudantes, o que foi dito pela coordenação do curso desde o primeiro ano da faculdade, em 2006. Entre os alunos, a expectativa era que o estágio fosse feito no segundo módulo do Hospital Escola, prometido para abril, mas que ainda está em construção.
Sem local para o internato, 33 estudantes do quinto ano da medicina estão sem aulas desde a última sexta-feira.
"Desde que entramos na faculdade, nunca foi aventada essa possibilidade [de internato na Santa Casa]. A coordenação sempre disse que o Hospital Escola estava sendo construído para receber a nossa turma", disse Renan Marangoni, 23.
Segundo Marangoni, a Santa Casa só foi procurada depois que a UFSCar percebeu que o Hospital Escola não ficaria pronto a tempo. Como consequência, diz ele, os médicos do hospital não foram capacitados para receber os alunos.
Para conseguir uma autorização para abrir um curso de medicina, as instituições de ensino precisam comprovar que dispõem de locais para as atividades práticas. No caso da UFSCar, a garantia dada foi o convênio com a Santa Casa.
O hospital chegou a ser usado como internato entre março e abril, com um mês de atraso. Mas, segundo Edilson Abrantes, diretor clínico da Santa Casa, o convênio foi rompido pela UFSCar no dia 30. A Folha não conseguiu ouvir a universidade sobre a suspensão.
As informações sobre as causas do rompimento não são claras. Em tese, a suspensão aconteceu depois que médicos preceptores do hospital deixaram de receber os R$ 100 extras combinados com a universidade pela orientação aos alunos.
A Prefeitura de São Carlos, responsável pelo pagamento dos plantonistas, não comenta sobre a "inadimplência".
Hoje, os estudantes devem protestar no campus de São Carlos contra a paralisação das atividades do quinto ano durante a cerimônia de abertura das comemorações oficiais dos 40 anos da UFSCar.


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