Ribeirão Preto, Terça-feira, 07 de Julho de 2009

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Após 2 anos, começa a remoção dos favelados

29 famílias devem deixar favelas do Jardim Aeroporto, em Ribeirão, até o fim do mês

Verba foi garantida pelo PAC em 2007; saída foi exigida pelo Ministério Público por conta de ruído e por ser uma área pública


Silva Junior/Folha Imagem
Antonio Cristiano de souza, morador da favela do Monte Alegre, que está sendo reurbanizada, mas ja tem asfalto deteriorado

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Dois anos depois de o governo federal garantir a verba, as primeiras famílias das favelas do Jardim Aeroporto, na periferia de Ribeirão Preto, fazem suas malas para deixar, finalmente, o local. A primeira remoção em favelas da cidade que ocorre por ordem judicial começa no final deste mês.
Uma ação da Promotoria da Habitação de 2002 exigiu a remoção dos barracos porque eles ocupam área pública e estão instalados em área com excesso de ruído, ao lado da pista do Aeroporto Leite Lopes.
As primeiras 29 famílias passarão a morar em casas do conjunto Paulo Gomes Romeu, no Jardim Paiva. Segundo o juiz João Gandini, coordenador do grupo Moradia Legal, o primeiro grupo foi escolhido porque mora muito próximo da curva de ruído e, portanto, está mais exposto ao barulho.
"Queremos que as famílias se mudem logo também porque desde fevereiro seus filhos já estudam em escolas perto das novas casas e a prefeitura está arcando todos os dias com o transporte", disse Gandini.
As outras 692 famílias devem deixar o bairro, sempre em pequenos grupos, dentro do prazo de um ano e meio.
O conjunto Paulo Gomes Romeu é o mesmo para onde já se mudaram parte dos moradores da favela do Monte Alegre, que passa por processo de reurbanização. A infraestrutura da nova Monte Alegre, porém, ainda não foi concluída (leia texto nesta página).
A verba do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), R$ 42,2 milhões, foi garantida pelo governo federal em 2007, mas só agora as primeiras casas ficaram prontas. Prefeitura e Estado complementam o custo da remoção, avaliado em R$ 47 milhões.
O primeiro grupo de famílias que deve se mudar reclama que não consegue se organizar porque a prefeitura não estabelece a data real da mudança.
A dona de casa Maria Rosemeire Teixeira, 33, por exemplo, disse que sua filha precisa acordar às 6h para chegar à escola no Jardim Paiva, longe do aeroporto. "Eles mandaram pôr as crianças lá no Paiva, mas não nos mudaram. A distância atrapalha. Às vezes ela falta, e eu nunca posso ir às reuniões dos pais", disse.
Terezinha dos Santos, 51, disse não ver a hora de trocar os dois cômodos que divide na favela com outras nove pessoas da família pela nova casa.
O presidente da Cohab-RP (Companhia Habitacional de Ribeirão Preto), Rodrigo Arenas, disse que houve um atraso técnico na averbação do terreno, mas confirmou que a remoção vai ocorrer neste mês.

Boom
Apesar de a prefeitura ter marcado com tinta branca os barracos das famílias cadastradas para deixar o Jardim Aeroporto, as favelas continuaram a receber novas moradias.
Segundo o juiz Gandini, a área tinha 1.100 famílias há dois anos e hoje tem 1.400. O superintendente da Guarda Civil Municipal, André Tavares, disse que há muitos núcleos populares e faltam guardas e carros para conter o crescimento das favelas.


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