Ribeirão Preto, Segunda-feira, 07 de Dezembro de 2009

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Nº de casos de dengue é o maior em 4 anos

Com 34 casos da doença em novembro, Ribeirão caminha para ter em 2010 a maior epidemia de dengue de sua história

Aumento expressivo preocupa a cidade porque novembro é apenas o início do período de concentração dos casos, que vai até abril

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Adachy Devitro, 23, que contraiu dengue em novembro, com exame que mostra alteração no sangue

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

O número de casos de dengue registrados em Ribeirão Preto só em novembro foi o maior dos últimos quatro anos, o que aponta a possibilidade de a cidade ter a pior epidemia da doença em 2010. Só no mês passado, foram 34 casos.
O aumento expressivo neste período do ano é preocupante porque é somente o começo da época em que são registrados a maioria dos casos, entre janeiro e abril. Nos três anos anteriores, quando Ribeirão teve epidemias, o mês de novembro não havia tido casos de dengue em números tão elevados. Em 2008 foram três, contra cinco de 2007 e seis, do ano anterior.
"Nós já estamos começando uma nova epidemia e a situação é realmente preocupante", disse a chefe do Controle de Vetores, Cristina O'grady Lima. O acumulado de casos de 2009 também já supera o total do ano passado: 1.483, ante 1.058.
O Índice de Breteau, que mede a infestação por larvas do mosquito Aedes aegypti, é de 2,6 em Ribeirão, enquanto o aceitável pela Organização Mundial da Saúde é 1. Esse índice elevado levou Ribeirão a ser incluída entre os municípios em situação de alerta no país, pelo Ministério da Saúde.
Lima disse que, para tentar reduzir a proliferação da dengue, a prefeitura tem atuado com intensidade no controle de criadouros dos mosquitos. Porém, a tarefa tem esbarrado na falta de apoio da população.
No arrastão de 28 de novembro, por exemplo, os agentes de saúde e voluntários não conseguiram entrar em metade dos 13 mil imóveis visitados. Muitos estavam fechados e em cerca de 200 casas os moradores impediram os trabalhos.
Além da dificuldade de acesso a muitas casas, a falta de consciência de moradores, que mantêm recipientes que acumulam água, é apontada como outro fator negativo. Lima disse que só neste mês a prefeitura substituiu mil pratos de vasos de plantas só na Vila Tibério.
Os pratos foram trocados por outros que não acumulam água. "Nós estamos assustados mesmo com o número de criadouros que estão sendo encontrados", disse.
A dificuldade em conscientizar a população também é apontada pela diretora técnica do Grupo de Vigilância Epidemiológica Regional da Secretaria de Estado da Saúde, Josely Mendonça Pereira Pintya.
"Os principais criadouros continuam sendo achados dentro das casas, principalmente nos pratos de plantas." Com o excesso de chuvas registrado neste ano, mesmo em períodos tipicamente mais secos, a situação ficou ainda pior.
Outra preocupação no caso de Ribeirão é com o agravamento dos casos no próximo ano. Após sucessivas epidemias, são maiores os riscos de dengue hemorrágica, principalmente quando há contaminações por diferentes tipos da doença. Segundo Pintya, a cidade tem a circulação de dengue tipos 1 e 3. "Por isso, realmente Ribeirão preocupa."
Do ano 2000 até agora, Ribeirão já teve 16.441 casos da doença, número que representa quase 3% da população -há pessoas que tiveram dengue mais de uma vez. A prefeitura mantém 265 agentes nas ruas, um a cada 2.125 habitantes.


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