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Ribeirão lidera ranking regional de roubos
Levantamento feito pela Folha aponta que, proporcionalmente, a cidade tem mais assaltos do que as outras cidades da região
Para especialistas, os assaltos têm relação com tráfico; no centro, dono de posto já foi roubado seis vezes desde novembro
Silva Junior/Folha Imagem
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Rosália de Araújo, cabeleireira que há três anos deixou Campinas para buscar tranquilidade em Nova Europa, na região de Ribeirão
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
O posto de combustíveis do
comerciante Joaquim Santos,
78, que fica no centro de Ribeirão Preto, já foi assaltado seis
vezes nos últimos quatro meses. Só no ano passado, foram
três roubos. A história de Santos exemplifica uma estatística:
Ribeirão é a cidade da região
onde é mais fácil ser assaltado.
É o que aponta levantamento
feito pela Folha com base num
cruzamento entre os números
da SSP (Secretaria de Estado
da Segurança Pública) do ano
passado e a população das 85
cidades da região segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
O levantamento aponta que,
em 2008, houve um roubo para
cada 194 moradores de Ribeirão. Foram 2.863, para 558.136
habitantes. Além de ter o maior
número absoluto de roubos -o
que é normal por ser a maior
cidade-, Ribeirão tem muito
mais roubos proporcionalmente do que suas vizinhas.
O comerciante citado acima
diz já ter investido em alarmes
e câmeras, o que não impediu
mais roubos. "Eles vêm de cara
lavada mesmo, nem se escondem", disse Santos, que num
dos assaltos estava no posto e
ficou sob a mira de revólveres.
Para as autoridades, a liderança do ranking proporcional
de roubos é resultado do fato
de Ribeirão ser polo da região,
o que atrai gente de fora para
morar e praticar crimes. "É um
polo atrativo. Ainda mais com
essa falsa notícia de que Ribeirão é uma Califórnia brasileira", afirmou o delegado-assistente do Deinter 3 (Departamento de Polícia Judiciária do
Interior) Samuel Zanferdini.
Em segundo lugar no ranking aparece Araraquara, que
registrou um roubo para cada
358 moradores da cidade em
2008, à frente de Barrinha que,
com apenas 26.915 habitantes,
teve 68 assaltos, ou um para cada 395 moradores.
Segundo Zanferdini, a maioria dos assaltos tem como alvos
estabelecimentos comerciais,
como o posto de combustíveis
de Santos, e pessoas nas ruas.
As autoridades e especialistas também apontam elo entre
os assaltos e o tráfico de drogas.
"Muitas quadrilhas usam o
roubo como forma de se abastecer", afirmou Sérgio Kodato,
coordenador do Observatório
da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão.
A opinião é compartilhada
pelo delegado José Gonçalves
Neto, da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), responsável pela apuração de assaltos na
cidade. "No ano passado, prendemos uma quadrilha de assaltantes de bancos que era também de traficantes."
Zanferdini disse não saber o
número de assaltos esclarecidos, mas afirmou que a atuação
de grupos especializados dentro da polícia, como o Garra
(Grupo de Ação e Repressão a
Roubos e Assaltos), tem contribuído para evitar os crimes
contra o patrimônio.
Apesar da liderança de Ribeirão no ranking proporcional de
assaltos, o número total de roubos caiu 5,3% no município em
relação a 2007 -foram 3.026
assaltos no ano retrasado.
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