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Mortes violentas crescem entre os jovens na região
Levantamento do IBGE aponta que 18,1% das vítimas tinham até 24 anos em 2007, contra 16,8% no ano anterior
Jovem se torna alvo da violência pelo maior comportamento de risco e uso de bebidas e drogas, afirmam especialistas
DA FOLHA RIBEIRÃO
O número de mortes violentas, principalmente entre jovens até 24 anos, cresceu na região de Ribeirão Preto, somadas as quatro maiores cidades
da região. É o que revela o relatório Estatísticas de Registro
Civil, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base nos dados
de 2007.
Se os jovens representavam
16,8% das mortes violentas em
2006, o índice saltou para 18,1%
no ano seguinte. Na opinião de
especialistas, o jovem torna-se
alvo da violência pelo comportamento de risco, como abuso
de bebida alcoólica e drogas, assumido por ele mesmo ou, muitas vezes, pelo autor do crime,
também jovem.
O relatório apresenta informações das mortes na população e de quais ocorreram por
meios violentos, o que inclui
homicídio, suicídio e acidentes
de trânsito, entre outros.
Em 2007, 8,8% das 9.654
mortes ocorridas nas quatro cidades -Ribeirão, Franca, São
Carlos e Araraquara- tiveram
causa violenta. No ano anterior, a proporção foi menor:
8,4% das 9.898 mortes.
O crescimento deu-se nas cidades de Franca, São Carlos e
Araraquara. A maior diferença
foi registrada em São Carlos: a
proporção de mortes violentas,
que era de 8,6% em 2006, saltou para 10,7% em 2007.
Em Franca, avançou de 9,3%
para 9,5% e, em Araraquara, de
7,4% para 8,3%. Somente em
Ribeirão houve uma leve queda
na proporção: as mortes violentas foram 8,3% do total em
2006 e no ano seguinte, 8,1%.
Vítimas jovens
Além de aumentar a proporção de mortes violentas, também cresceu a proporção de registros entre jovens de 15 a 24
anos. Foram 141 adolescentes e
jovens mortos de forma violenta em 2006, número que aumentou para 154 no ano
seguinte.
São vítimas cujas mortes
brutais deixaram marcas nas
famílias. A dona-de-casa Cristina Elaine Falconi de Oliveira,
44, guarda as roupas rasgadas
usadas pelo filho Rubens, 16,
atropelado em maio do ano
passado em Ribeirão Preto. Já a
dona-de-casa Angélica Borges,
58, ainda não consegue ficar sozinha na casa onde vivia com o
filho Eder, 22, morto a tiros
(leia texto nesta página).
Na opinião do psicólogo Sergio Kodato, do Observatório de
Violência da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão, as
mortes de perfil violento, em
geral, se manifestam mais por
autores dos crimes que se sentem motivados pelo clima geral
de violência e de impunidade.
No caso dos jovens, Kodato
atribui a alta ao comportamento imprudente da faixa etária,
com um estilo de vida de se expor mais aos riscos, muitas
vezes associado às drogas, álcool e brigas.
"Há um segmento entre os
jovens que adota a violência como sentido para sua existência.
Enxerga na violência um instrumento de poder", afirmou o
especialista.
Ex-secretário nacional da Segurança Pública no governo de
Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), José Vicente da Silva
Filho disse que os acidentes de
trânsito estão entre as maiores
razões de mortes entre jovens.
"Como tem havido queda nos
homicídios dolosos, os acidentes têm se destacado." Para Silva Filho, o álcool potencializa
os acidentes. Uma das formas
de prevenção é haver cooperação maior entre polícia e prefeitura para evitar acidentes
em pontos perigosos e saídas de
festas.
(JULIANA COISSI)
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