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Pacientes psiquiátricos graves são "barrados" no Santa Tereza
Hospital psiquiátrico nega a recusa para internações
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os pacientes psiquiátricos
graves de Ribeirão e mais 22 cidades da região estão com suas
internações "barradas" no hospital psiquiátrico Santa Tereza
desde 20 de fevereiro, diz a Secretaria da Saúde de Ribeirão.
O Estado, que opera a unidade, alega que o Caps-3 (Centro
de Atenção Psicossocial), responsável pelos encaminhamentos, não tem convênio formal com o hospital e, por isso,
parou de ser atendido.
Desde que foi inaugurado,
em setembro de 2008, todas as
internações foram feitas, mesmo sem o convênio firmado e,
portanto, de forma irregular.
"O Caps-3 precisa formalizar
seu convênio com o Santa Tereza. Estranho é fazermos as
internações o ano passado inteiro essa necessidade e, de de
repente, acabar", disse a secretária da Saúde, Carla Palhares.
À imprensa por meio da assessoria da Secretaria Estadual
da Saúde, o Santa Tereza nega a
recusa. Disse que recebe os pacientes normalmente.
Porém, a Folha teve acesso a
pelo menos quatro pedidos de
internação psiquiátrica feitos
no último final de semana,
quando a rede básica viveu um
colapso por falta de vagas de internação. A fila chegou a ser de
35 pessoas, sendo seis pacientes psiquiátricos em surto.
Enquanto alguns esperavam
em UBDSs da cidade, o Estado
afirmou que só recebeu dois
pedidos de internação e que os
concretizou. Disse ainda que
havia 26 vagas disponíveis em
leitos masculinos, femininos e
para dependentes químicos.
O Santa Tereza tem 80 leitos
de internação psiquiátrica pelo
SUS. Na cidade, o serviço é
prestado ainda pelo Hospital
das Clínicas, que tem mais 28
leitos, e pelo próprio Caps, capaz de manter seis pacientes
menos graves internados.
O município decidiu que vai
elaborar um projeto de parceria para fazer o contato voltar
ao normal, mas não estabeleceu prazo para fazê-lo.
Segundo o coordenador do
Programa de Saúde Mental de
Ribeirão, Alexandre Souza
Cruz, a medida do Estado de
barrar pacientes do Caps 3 pode ter conotação política.
"Eles [o Estado] são a favor
da desospitalização e por isso
barram os pacientes."
O processo de desospitalização começou, por orientação
da OMS na Europa, há três décadas. Ele prega o tratamento
mental próximo da família e o
fim da imagem do manicômio.
O Hospital Santa Tereza só
recebe pacientes encaminhados pelo HC, também estadual,
e pelos ambulatórios de Jaboticabal e Sertãozinho. Segundo
Souza Cruz, o impedimento
pode voltar a crescer a fila para
internações psiquiátricas, que
chegaram a ser de 15 a 20 pacientes antes do Caps-3.
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