Ribeirão Preto, Domingo, 08 de Março de 2009

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Pacientes psiquiátricos graves são "barrados" no Santa Tereza

Hospital psiquiátrico nega a recusa para internações

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os pacientes psiquiátricos graves de Ribeirão e mais 22 cidades da região estão com suas internações "barradas" no hospital psiquiátrico Santa Tereza desde 20 de fevereiro, diz a Secretaria da Saúde de Ribeirão.
O Estado, que opera a unidade, alega que o Caps-3 (Centro de Atenção Psicossocial), responsável pelos encaminhamentos, não tem convênio formal com o hospital e, por isso, parou de ser atendido.
Desde que foi inaugurado, em setembro de 2008, todas as internações foram feitas, mesmo sem o convênio firmado e, portanto, de forma irregular.
"O Caps-3 precisa formalizar seu convênio com o Santa Tereza. Estranho é fazermos as internações o ano passado inteiro essa necessidade e, de de repente, acabar", disse a secretária da Saúde, Carla Palhares.
À imprensa por meio da assessoria da Secretaria Estadual da Saúde, o Santa Tereza nega a recusa. Disse que recebe os pacientes normalmente.
Porém, a Folha teve acesso a pelo menos quatro pedidos de internação psiquiátrica feitos no último final de semana, quando a rede básica viveu um colapso por falta de vagas de internação. A fila chegou a ser de 35 pessoas, sendo seis pacientes psiquiátricos em surto.
Enquanto alguns esperavam em UBDSs da cidade, o Estado afirmou que só recebeu dois pedidos de internação e que os concretizou. Disse ainda que havia 26 vagas disponíveis em leitos masculinos, femininos e para dependentes químicos.
O Santa Tereza tem 80 leitos de internação psiquiátrica pelo SUS. Na cidade, o serviço é prestado ainda pelo Hospital das Clínicas, que tem mais 28 leitos, e pelo próprio Caps, capaz de manter seis pacientes menos graves internados.
O município decidiu que vai elaborar um projeto de parceria para fazer o contato voltar ao normal, mas não estabeleceu prazo para fazê-lo.
Segundo o coordenador do Programa de Saúde Mental de Ribeirão, Alexandre Souza Cruz, a medida do Estado de barrar pacientes do Caps 3 pode ter conotação política.
"Eles [o Estado] são a favor da desospitalização e por isso barram os pacientes."
O processo de desospitalização começou, por orientação da OMS na Europa, há três décadas. Ele prega o tratamento mental próximo da família e o fim da imagem do manicômio.
O Hospital Santa Tereza só recebe pacientes encaminhados pelo HC, também estadual, e pelos ambulatórios de Jaboticabal e Sertãozinho. Segundo Souza Cruz, o impedimento pode voltar a crescer a fila para internações psiquiátricas, que chegaram a ser de 15 a 20 pacientes antes do Caps-3.


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