Ribeirão Preto, Segunda-feira, 08 de Março de 2010

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Cidade menor tem prefeitura mais inchada

Dos 89 municípios da região de Ribeirão Preto, 71 têm governos com número de funcionários acima da média regional

No ranking que reúne as dez prefeituras mais inchadas na região, estão oito cidades cuja população é menor que dez mil habitantes

Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Pacientes aguardam atendimento em Dumont, cidade com menor proporção de servidores na saúde

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

A necessidade de manter uma estrutura de funcionamento faz as prefeituras de cidades menores apresentarem as maiores médias de servidores públicos. Na região de Ribeirão Preto, segundo números do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 80% das prefeituras estão mais "inchadas" do que a média regional.
Segundo o levantamento do instituto, feito com base nas estruturas administrativas que as prefeituras tinham em 2008, as 89 cidades da região de Ribeirão empregam cerca de 72 mil servidores municipais. Com uma população estimada em 3,23 milhões de pessoas nas 89 cidades, a média é de um funcionário público municipal para cada 44,9 pessoas.
Quando se avalia a situação das prefeituras isoladamente, porém, o que se pode constatar é que, das 89 cidades, 71 têm as prefeituras mais inchadas do que a média regional.
A situação é mais evidente em municípios menores. Das dez cidades que ocupam o topo do ranking, só duas -Miguelópolis e Viradouro- têm mais de dez mil habitantes.
O maior inchaço está em Trabiju, onde há um funcionário para cada grupo de 9,1 pessoas. Santa Cruz da Esperança vem atrás, com um servidor para cada 9,8 pessoas (veja quadro abaixo). O principal argumento das prefeituras menores é que a estrutura mínima para manter o funcionamento do governo é quase a mesma, seja em cidades com 1.000 ou 5.000 habitantes.
"Na área financeira, por exemplo, nós temos um contador, um auxiliar e um tesoureiro. Essa estrutura é a mínima necessária nas cidades que têm até 5.000 [moradores]", disse o assessor da Prefeitura de Santa Cruz da Esperança, Vicente Fernandes Leão, que responde pelo gabinete do prefeito.
Para o coordenador do curso de administração pública da Unesp de Araraquara, Valdemir Pires, o argumento dos municípios menores sobre a necessidade de uma estrutura mínima para funcionamento tem razão de existir.
Isso ocorre, segundo ele, principalmente por causa do caráter político que compete ao município na estrutura governamental existente no país. "No Brasil, o município é um ente federativo, tem atividades políticas a desenvolver, por isso exige um número mínimo de pessoas", disse.
Segundo o especialista, porém, outros critérios influenciam no número de servidores, como o tamanho do território. "Pode ter um município muito pequeno [em habitantes] e com uma zona rural extensa, que exige máquinas, equipamentos e pessoal para manutenção de estradas, por exemplo", afirmou Pires.


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