Ribeirão Preto, Quarta-feira, 08 de Julho de 2009

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Ribeirão reclica metade do lixo que paga

Cidade paga pela reciclagem de quatro caminhões de lixo, mas promotor estima que dois sejam dispensados com lixo comum
Leão Ambiental nega acusação e afirma que está armazenando o material em caçambas no aterro para ser reciclado posteriormente

Silva Junior/Folha Imagem
Caminhão com embalagens de ração animal deixa material no aterro sanitário de Ribeirão, onde Cetesb diz não ter recicláveis

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A Prefeitura de Ribeirão Preto paga cerca de R$ 60 mil mensais pelo serviço diário de coleta seletiva feito em quatro caminhões da empresa Leão Ambiental, mas só metade do material está sendo reciclado. O restante, pode estar sendo jogado fora, de acordo com o Ministério Público Estadual.
O problema, segundo apurou a Folha, acontece há pelo menos três semanas. É que o local onde toda a reciclagem do lixo coletado pela Leão Ambiental passou a ser feita, um galpão improvisado no Parque Permanente de Exposições, não tem equipamentos básicos de trabalho, como esteira para separação de recicláveis e prensa.
Em tese, segundo o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), o lixo seletivo "excedente" está sendo armazenado provisoriamente pela Leão Ambiental em caçambas para ser reciclado posteriormente. As caçambas, segundo o Daerp e a Leão Ambiental, ficam em uma área de transbordo no aterro sanitário da prefeitura, localizado na rodovia Mário Donegá.
Mas, de acordo com o promotor Sebastião Donizeti Lopes, que instaurou inquérito para acompanhar o caso, o lixo reciclável pode estar sendo dispensado junto com o lixo comum, que atualmente é levado para um aterro sanitário particular na cidade de Guatapará, empreendimento do qual o grupo Leão é sócio.
"Eu calculo que pelo menos dois caminhões, dos quatro [que realizam a coleta seletiva], vão para a vala comum. Mas não sabemos ainda quanto a prefeitura paga por dia e quanto desse total chega nas mãos da reciclagem", disse Lopes.
Ontem, por pelo menos cinco horas, a Folha tentou acompanhar o trabalho de reciclagem feito no Parque Permanente de Exposições por 35 pessoas da cooperativa Mãos Dadas, mas foi impedida pela Secretaria de Assistência Social, responsável legal pela destinação do material seletivo. O acesso ao aterro sanitário também foi dificultado.
Por fim, por volta das 18h, a reportagem conseguiu fotografar um caminhão carregado apenas com sacos vazios de ração animal entrando no aterro sanitário e despejando o material em uma caçamba, mas não havia mais lixo seletivo armazenado em caçambas no local.
Segundo Marco Antonio Sanchez Artuzo, gerente do escritório regional Cetesb (Agência Ambiental do Estado) em Ribeirão, já houve despejo de recicláveis no aterro, mas a prática não acontece mais e a prefeitura não está autorização a fazê-lo. De acordo com o último relatório de fiscalização da Cetesb, elaborado na semana passada, não havia materiais recicláveis no aterro.
A área está em fase de encerramento e a única atividade permitida pela Cetesb no local é o transbordo do lixo doméstico, de acordo com Artuzo.
Segundo o promotor do caso, a Leão Ambiental deixou de levar a metade do lixo da coleta seletiva para o Parque Permanente de Exposições porque o material acumulado no local onde a reciclagem é feita poderia virar foco de vetores, como o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue que deposita seus ovos em recipientes com água acumulada.
Uma cooperada da Mãos Dadas, que não se identificou por não ter autorização para dar entrevista, disse que a administração do Parque Permanente, onde haverá um acampamento de crianças, pediu a retirada do material do local. "Como a gente trabalha com vidro, ficaram com medo de as crianças se cortarem." O Daerp confirmou que fez o pedido.


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