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Mãe e filha são acusadas de chefiar tráfico
Grupo do PCC era comandado por duas mulheres em Brodowski, diz Ministério Público; acusados foram ouvidos ontem
Gravações revelaram que grupo tramava morte de PMs e de desafetos; todos estão presos, mas negam todas as acusações
Silva Junior/Folha Imagem
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Luciana, a filha Roberta Sarris (à esq.) e mais dez acusados diante da juíza Carolina Moreira Gama, em audiência em Brodowski
GEORGE ARAVANIS
ENVIADO ESPECIAL A BRODOWSKI
Uma quadrilha chefiada por
duas mulheres, mãe e filha,
controlava o tráfico de drogas,
definia castigos a "traidores" e
ainda planejava a morte de policiais militares e desafetos em
Brodowski, cidade de apenas
20.487 habitantes que funcionava como base da organização
criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
É o que aponta denúncia do
Ministério Público apresentada após investigação conjunta
com a Polícia Civil, que resultou na prisão de 11 pessoas entre julho e setembro de 2008.
Durante a investigação foram feitas várias escutas telefônicas, com autorização da Justiça -a Promotoria não soube
especificar o número exato.
Ontem, os acusados foram
ouvidos pela Justiça de Brodowski na Câmara da cidade
-pequeno e improvisado no
prédio de um antigo salão de
bailes, o Fórum não tem capacidade física para abrigar audiências. Todos negaram as
acusações.
As gravações apontam que a
líder da quadrilha era Luciana
Aparecida da Silva Sarris. Segundo o Ministério Público, ela
coordenava as ações, por celular, da cadeia de Altinópolis,
onde estava presa por outra
acusação de tráfico.
Sua representante na rua era
a filha Roberta da Silva Sarris,
que comandava o grupo também por meio de telefone celular -ela tinha se mudado para
Serrana após sua casa ter sido
alvo de blitz da polícia.
A atuação do grupo começou,
segundo o Ministério Público,
quando todos os homens da família estavam presos -o marido e o filho de Luciana foram
detidos com ela por tráfico.
Mãe e filha, então, "organizaram a estrutura do crime em
Brodowski", segundo a denúncia apresentada pelo promotor
Leonardo Leonel Romanelli.
De acordo com ele, as duas delegaram funções de comando a
dois rapazes.
As gravações foram feitas entre abril e agosto do ano passado. As escutas revelam planejamento da morte de ao menos
um policial militar e de um taxista, que buscava drogas para o
grupo -nenhuma das mortes
foi executada. "Vou pegar um
38 pra subir [matar] esse cara",
diz um dos acusados no trecho
de uma das gravações.
Numa outra conversa, outro
acusado sugere a um colega que
eles deveriam matar alguns policiais da cidade porque tinham
armas superiores -a Promotoria acredita que eles usavam
pistolas 380.
O grupo planejou a morte do
taxista porque um dos membros da quadrilha foi preso em
flagrante quando transportava
droga no táxi. O bando concluiu
que o taxista é que tinha armado o flagrante -na verdade, a
polícia interceptou a droga
após as escutas.
Dificuldades
As gravações mostram, ainda, um grupo em dificuldades
financeiras. Em uma das conversas interceptadas, dois integrantes da quadrilha combinam de ir à Festa do Leite, em
Batatais, mas um deles diz que
está sem dinheiro.
"Isso nos chamou muito a
atenção e aconteceu talvez pelo
fato de ser uma cidade pequena
e o tráfico não ser tão grande",
disse Romanelli.
Roberta diz, numa das escutas, que precisa voltar a Brodowski, "senão não tem maconha na cidade". Ela articulava
para que membros do grupo
fossem buscar a droga em Ribeirão de ônibus.
Em outra gravação um integrante do PCC preso em uma
unidade prisional do Estado e
conhecido como "Negoaço" cobra mais rigor no modo de gerenciamento do grupo. Em
conversa com dois acusados
que seriam os encarregados de
cobrar os devedores do tráfico,
Negoaço afirma que a coisa em
Brodowski está muito "frouxa."
De acordo com o promotor, a
quadrilha planejava matar policiais para buscar uma ascensão
no PCC.
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