Ribeirão Preto, Terça-feira, 09 de Junho de 2009

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Mãe e filha são acusadas de chefiar tráfico

Grupo do PCC era comandado por duas mulheres em Brodowski, diz Ministério Público; acusados foram ouvidos ontem

Gravações revelaram que grupo tramava morte de PMs e de desafetos; todos estão presos, mas negam todas as acusações


Silva Junior/Folha Imagem
Luciana, a filha Roberta Sarris (à esq.) e mais dez acusados diante da juíza Carolina Moreira Gama, em audiência em Brodowski

GEORGE ARAVANIS
ENVIADO ESPECIAL A BRODOWSKI

Uma quadrilha chefiada por duas mulheres, mãe e filha, controlava o tráfico de drogas, definia castigos a "traidores" e ainda planejava a morte de policiais militares e desafetos em Brodowski, cidade de apenas 20.487 habitantes que funcionava como base da organização criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
É o que aponta denúncia do Ministério Público apresentada após investigação conjunta com a Polícia Civil, que resultou na prisão de 11 pessoas entre julho e setembro de 2008.
Durante a investigação foram feitas várias escutas telefônicas, com autorização da Justiça -a Promotoria não soube especificar o número exato.
Ontem, os acusados foram ouvidos pela Justiça de Brodowski na Câmara da cidade -pequeno e improvisado no prédio de um antigo salão de bailes, o Fórum não tem capacidade física para abrigar audiências. Todos negaram as acusações.
As gravações apontam que a líder da quadrilha era Luciana Aparecida da Silva Sarris. Segundo o Ministério Público, ela coordenava as ações, por celular, da cadeia de Altinópolis, onde estava presa por outra acusação de tráfico.
Sua representante na rua era a filha Roberta da Silva Sarris, que comandava o grupo também por meio de telefone celular -ela tinha se mudado para Serrana após sua casa ter sido alvo de blitz da polícia.
A atuação do grupo começou, segundo o Ministério Público, quando todos os homens da família estavam presos -o marido e o filho de Luciana foram detidos com ela por tráfico.
Mãe e filha, então, "organizaram a estrutura do crime em Brodowski", segundo a denúncia apresentada pelo promotor Leonardo Leonel Romanelli. De acordo com ele, as duas delegaram funções de comando a dois rapazes.
As gravações foram feitas entre abril e agosto do ano passado. As escutas revelam planejamento da morte de ao menos um policial militar e de um taxista, que buscava drogas para o grupo -nenhuma das mortes foi executada. "Vou pegar um 38 pra subir [matar] esse cara", diz um dos acusados no trecho de uma das gravações.
Numa outra conversa, outro acusado sugere a um colega que eles deveriam matar alguns policiais da cidade porque tinham armas superiores -a Promotoria acredita que eles usavam pistolas 380.
O grupo planejou a morte do taxista porque um dos membros da quadrilha foi preso em flagrante quando transportava droga no táxi. O bando concluiu que o taxista é que tinha armado o flagrante -na verdade, a polícia interceptou a droga após as escutas.

Dificuldades
As gravações mostram, ainda, um grupo em dificuldades financeiras. Em uma das conversas interceptadas, dois integrantes da quadrilha combinam de ir à Festa do Leite, em Batatais, mas um deles diz que está sem dinheiro.
"Isso nos chamou muito a atenção e aconteceu talvez pelo fato de ser uma cidade pequena e o tráfico não ser tão grande", disse Romanelli.
Roberta diz, numa das escutas, que precisa voltar a Brodowski, "senão não tem maconha na cidade". Ela articulava para que membros do grupo fossem buscar a droga em Ribeirão de ônibus.
Em outra gravação um integrante do PCC preso em uma unidade prisional do Estado e conhecido como "Negoaço" cobra mais rigor no modo de gerenciamento do grupo. Em conversa com dois acusados que seriam os encarregados de cobrar os devedores do tráfico, Negoaço afirma que a coisa em Brodowski está muito "frouxa."
De acordo com o promotor, a quadrilha planejava matar policiais para buscar uma ascensão no PCC.


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