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Treminhões são vistos como carrascos da pista
DA FOLHA RIBEIRÃO
Imagine um prédio de dez
andares. A altura dele é praticamente igual ao comprimento
de um treminhão, ou seja 30
metros. Muitas vezes, o motorista comum só enxerga o treminhão quando está muito perto pelo fato de o veículo de cana
estar sujo e trafegar em velocidade muito baixa, principalmente nas subidas.
A visão assusta motoristas
ouvidos pela Folha. "Dá impressão de que aquele monte
de cana que sai pelos lados do
caminhão vai cair sobre a gente", afirmou o advogado Renato
Freitas Pires, 30.
O "monte de cana" citado pelo advogado é um dos fatores
que causam acidentes, segundo
o especialista em transportes
Creso Peixoto, da Unicamp e
do Centro Universitário Moura
Lacerda, de Ribeirão Preto.
De acordo com ele, a cana
que "vaza" pela lateral do veículo canavieiro (o que é proibido e passível de multa) impede
o motorista que segue atrás do
caminhão de enxergar com clareza a outra pista, o que pode
provocar uma ultrapassagem
perigosa.
"A pessoa não vê direito,
acha que dá pra ir, mas no meio
do caminho dá de frente com
outro veículo, tenta voltar para
sua pista e, às vezes, não consegue", disse.
Se alguns temem, outros já
sentiram na pele, ou melhor,
no carro, os estragos que podem ser ocasionados por um
caminhão de cana.
É o caso do taxista Leandro
Gonçalves, 43, que perdeu o
seu objeto de trabalho (ele não
tinha seguro do táxi que possuía) num acidente causado,
segundo ele, por um caminhão
carregado de cana.
"Eu passava na estrada de
Cajuru para Mococa e entrei
numa alça de acesso. Então, o
caminhão me ultrapassou e
passou a uns 30 cm do meu carro. Assustei, desviei um pouco
o volante, saí da pista e bati
num barranco. Deu perda total", afirmou Andrade, que agora está sem trabalho regular
por causa do acidente em que
perdeu o táxi e que lhe custou
alguns ferimentos.
E não são apenas os motoristas de carros de passeio que temem os treminhões. Outros
caminhoneiros apelidam esse
tipo de veículo de "carrasco das
pistas". Emerson de Andrade,
33, conta que perdeu um pneu
e uma roda ao desviar de um
treminhão que, segundo ele,
invadiu sua pista numa vicinal
da região. "Ele nem parou para
ver o que tinha acontecido",
afirmou Andrade.
Eduardo Pereira dos Anjos
Junior, 24, também caminhoneiro, diz que evita passar perto de treminhões. "O negócio é
perigoso. Eu, graças a Deus,
nunca sofri um acidente, mas
tive companheiros que já bateram por causa de caminhões de
cana e tiveram muito prejuízo
por causa do estrago", afirmou
Anjos Junior.
GEORGE ARAVANIS
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