Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Agosto de 2009

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Treminhões são vistos como carrascos da pista

DA FOLHA RIBEIRÃO

Imagine um prédio de dez andares. A altura dele é praticamente igual ao comprimento de um treminhão, ou seja 30 metros. Muitas vezes, o motorista comum só enxerga o treminhão quando está muito perto pelo fato de o veículo de cana estar sujo e trafegar em velocidade muito baixa, principalmente nas subidas.
A visão assusta motoristas ouvidos pela Folha. "Dá impressão de que aquele monte de cana que sai pelos lados do caminhão vai cair sobre a gente", afirmou o advogado Renato Freitas Pires, 30.
O "monte de cana" citado pelo advogado é um dos fatores que causam acidentes, segundo o especialista em transportes Creso Peixoto, da Unicamp e do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto.
De acordo com ele, a cana que "vaza" pela lateral do veículo canavieiro (o que é proibido e passível de multa) impede o motorista que segue atrás do caminhão de enxergar com clareza a outra pista, o que pode provocar uma ultrapassagem perigosa.
"A pessoa não vê direito, acha que dá pra ir, mas no meio do caminho dá de frente com outro veículo, tenta voltar para sua pista e, às vezes, não consegue", disse.
Se alguns temem, outros já sentiram na pele, ou melhor, no carro, os estragos que podem ser ocasionados por um caminhão de cana.
É o caso do taxista Leandro Gonçalves, 43, que perdeu o seu objeto de trabalho (ele não tinha seguro do táxi que possuía) num acidente causado, segundo ele, por um caminhão carregado de cana.
"Eu passava na estrada de Cajuru para Mococa e entrei numa alça de acesso. Então, o caminhão me ultrapassou e passou a uns 30 cm do meu carro. Assustei, desviei um pouco o volante, saí da pista e bati num barranco. Deu perda total", afirmou Andrade, que agora está sem trabalho regular por causa do acidente em que perdeu o táxi e que lhe custou alguns ferimentos.
E não são apenas os motoristas de carros de passeio que temem os treminhões. Outros caminhoneiros apelidam esse tipo de veículo de "carrasco das pistas". Emerson de Andrade, 33, conta que perdeu um pneu e uma roda ao desviar de um treminhão que, segundo ele, invadiu sua pista numa vicinal da região. "Ele nem parou para ver o que tinha acontecido", afirmou Andrade.
Eduardo Pereira dos Anjos Junior, 24, também caminhoneiro, diz que evita passar perto de treminhões. "O negócio é perigoso. Eu, graças a Deus, nunca sofri um acidente, mas tive companheiros que já bateram por causa de caminhões de cana e tiveram muito prejuízo por causa do estrago", afirmou Anjos Junior.
GEORGE ARAVANIS


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