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foco
Um dos principais pólos calçadistas, Franca vive "boom" do setor de lingerie
VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A FRANCA
Pólo calçadista nacional,
Franca vê outro setor da economia crescer em silêncio.
Ainda pouco conhecidos em
circuito nacional, os fabricantes de lingerie da cidade, a
maioria de pequeno porte, ensaiam a abertura de cooperativa e se preparam para ganhar espaço no mercado.
Segundo o Ceder (Centro
de Estudos de Desenvolvimento Regional), vinculado à
Unifran (Universidade de
Franca), existem em Franca
cerca de 110 fabricantes de
moda íntima de pequeno porte, que empregam entre um e
cinco funcionários, além de 15
indústrias de maior porte, que
têm entre 25 e 40 pessoas.
Segundo Agnaldo de Sousa
Barbosa, coordenador do Ceder, o crescimento do setor
aconteceu de forma mais
acentuada nos últimos cinco
anos. "Há em Franca uma
mão-de-obra quase natural
para a lingerie, que vem da indústria do calçado, também ligada à costura e à moda. E como você precisa de um capital
baixo, esse setor acabou ganhando força", afirmou.
A empresária Sueli Maria
Pereira Silva, 48, ex-pespontadora de calçados, é dona da
mais antiga fábrica de lingerie
local, a Frelith, fundada há 20
anos. Hoje, produz 1.200 peças por dia, vende para São
Paulo, Minas Gerais e Mato
Grosso e já exportou para os
EUA e República Dominicana. A empresária reclama da
falta de mão-de-obra especializada. "Lidar com o calçado é
um trabalho mais rústico,
mais pesado. A lingerie exige
um trabalho mais delicado.
Praticamente 90% dos funcionários que temos aqui fomos nós que formamos."
Da safra mais recente de fabricantes, nasceu a Larulp,
criada há 3 anos por Adriano
Zani. "Franca tem todas as
condições de se tornar um pólo de confecção, não só de lingerie. Nada para substituir o
calçado, mas um pólo de confecções finas. Ainda faltam divulgação e fornecedores."
A fábrica dele chega a produzir 10 mil conjuntos de calcinhas e soutiens por mês,
vende para São Paulo, Paraná,
Minas e Rio e exporta para
Portugal, Espanha e Suíça.
"Eu chego a lançar uma coleção nova por semana. Enquanto o calçado masculino
vende, em média, um par e
meio por ano por pessoa, a lingerie vende até oito conjuntos
por pessoa no mesmo período", afirma.
Ainda faltam números que
indiquem a importância da
atividade. "Ao mesmo tempo
em que verificamos o crescimento, há um número muito
grande de costureiras que trabalham em casa e que são informais", afirma o presidente
da Associação do Comércio e
Indústria de Franca, João
Carlos Cheade.
Paulo Afonso Ribeiro, presidente do sindicato que representa os trabalhadores da
indústria do calçado e do vestuário, afirma que a entidade
iniciou um mês atrás um levantamento específico.
"Queremos dividir as categorias até para que a gente saiba melhor como trabalhar as
reivindicações de cada um
desses setores", comenta ele.
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