Ribeirão Preto, Domingo, 09 de Novembro de 2008

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Um dos principais pólos calçadistas, Franca vive "boom" do setor de lingerie

VERIDIANA RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A FRANCA

Pólo calçadista nacional, Franca vê outro setor da economia crescer em silêncio. Ainda pouco conhecidos em circuito nacional, os fabricantes de lingerie da cidade, a maioria de pequeno porte, ensaiam a abertura de cooperativa e se preparam para ganhar espaço no mercado.
Segundo o Ceder (Centro de Estudos de Desenvolvimento Regional), vinculado à Unifran (Universidade de Franca), existem em Franca cerca de 110 fabricantes de moda íntima de pequeno porte, que empregam entre um e cinco funcionários, além de 15 indústrias de maior porte, que têm entre 25 e 40 pessoas.
Segundo Agnaldo de Sousa Barbosa, coordenador do Ceder, o crescimento do setor aconteceu de forma mais acentuada nos últimos cinco anos. "Há em Franca uma mão-de-obra quase natural para a lingerie, que vem da indústria do calçado, também ligada à costura e à moda. E como você precisa de um capital baixo, esse setor acabou ganhando força", afirmou.
A empresária Sueli Maria Pereira Silva, 48, ex-pespontadora de calçados, é dona da mais antiga fábrica de lingerie local, a Frelith, fundada há 20 anos. Hoje, produz 1.200 peças por dia, vende para São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso e já exportou para os EUA e República Dominicana. A empresária reclama da falta de mão-de-obra especializada. "Lidar com o calçado é um trabalho mais rústico, mais pesado. A lingerie exige um trabalho mais delicado. Praticamente 90% dos funcionários que temos aqui fomos nós que formamos."
Da safra mais recente de fabricantes, nasceu a Larulp, criada há 3 anos por Adriano Zani. "Franca tem todas as condições de se tornar um pólo de confecção, não só de lingerie. Nada para substituir o calçado, mas um pólo de confecções finas. Ainda faltam divulgação e fornecedores."
A fábrica dele chega a produzir 10 mil conjuntos de calcinhas e soutiens por mês, vende para São Paulo, Paraná, Minas e Rio e exporta para Portugal, Espanha e Suíça. "Eu chego a lançar uma coleção nova por semana. Enquanto o calçado masculino vende, em média, um par e meio por ano por pessoa, a lingerie vende até oito conjuntos por pessoa no mesmo período", afirma.
Ainda faltam números que indiquem a importância da atividade. "Ao mesmo tempo em que verificamos o crescimento, há um número muito grande de costureiras que trabalham em casa e que são informais", afirma o presidente da Associação do Comércio e Indústria de Franca, João Carlos Cheade.
Paulo Afonso Ribeiro, presidente do sindicato que representa os trabalhadores da indústria do calçado e do vestuário, afirma que a entidade iniciou um mês atrás um levantamento específico.
"Queremos dividir as categorias até para que a gente saiba melhor como trabalhar as reivindicações de cada um desses setores", comenta ele.


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