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Violência escolar não tem registro oficial
Estado, prefeitura e Polícia Militar afirmam que não possuem um balanço sobre os casos ocorridos dentro das escolas
As instituições que representam professores e diretores apontam a falta de estrutura familiar como causa da violência
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um diagnóstico completo da
violência que acontece nas escolas de Ribeirão Preto é uma
peça de ficção justamente para
quem precisa traçar estratégias
e solucionar o problema. O Estado, a prefeitura e a Polícia Militar afirmam não possuir um
balanço oficial dos casos.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação, pesquisas
anteriores traziam dados incompletos. Em junho, a pasta
implantou um banco de dados
em que o diretor da escola registra conflitos na unidade.
Professores, alunos e funcionários não podem acessar o sistema -há um canal separado
para eles -e a interpretação e o
registro do que é violência ficam a cargo do diretor.
Por esse banco, segundo a secretaria, acontecem em média
80 casos de violência por dia
nas escolas estaduais, entre as
5.400 unidades. Mas a própria
pasta admite que o banco de dados ainda não é completo, porque nem todos os diretores do
Estado alimentam o sistema.
Na opinião da supervisora de
proteção escolar da secretaria,
Bia Graeff, os casos revelam um
fenômeno da sociedade. "Não
acho que o que a gente vê refletido em atos de violência na escola seja diferente dos da sociedade", disse.
A secretária da Educação de
Ribeirão, Débora Vendramini,
afirma que são poucos os casos
de violência na rede municipal.
Ela mesma, porém, admite não
ter feito uma estatística. Segundo a secretária, só casos mais
graves geram boletins de ocorrência. A orientação da pasta é
que diretores e professores tentem resolver os problemas com
diálogo.
A reportagem questionou a
Polícia Militar sobre boletins
de ocorrência registrados em
unidades escolares, mas a porta-voz tenente Lilian Caporal
Nery disse que só a Secretaria
de Estado da Educação é que
poderia fornecer dados.
Segundo a tenente, abordagens policiais, mesmo a adolescentes em escolas, estão amparadas por lei. Nery afirmou que
o efetivo tem orientação de detectar casos suspeitos que necessitam de busca pessoal.
Família
A Apeoesp e a Udemo, entidades que representam professores do Estado e diretores,
respectivamente, apontam a
desestruturação da família como uma das principais razões
para atos de violência.
"Essas famílias mal estruturadas só correm atrás da educação do filho quando acontece
algo grave", disse a presidente
regional da Udemo, Suzana
Ferro.
Na opinião do diretor estadual da Apeoesp, Mauro Inácio,
o professor não tem preparo
suficiente para lidar com crianças que trazem tantas deficiências de casa. "Mas as escolas
precisariam dar respaldo a essas famílias, com psicólogos e
assistentes sociais", disse.
Para a especialista em violência escolar Miriam Abramovay,
além de rankings, prefeituras e
Estados devem contratar instituições para fazer diagnósticos
detalhados das razões de violência e, então, combatê-las.
Outra necessidade, segundo
a especialista, é formar o professor nas universidades para
essa nova realidade. "A escola
ainda é feita para dois séculos
atrás", disse.
Abramovay afirma ainda que
o fenômeno da violência escolar já não tem distinção entre
meninos e meninas (leia texto
nesta página).
(JULIANA COISSI)
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