Ribeirão Preto, Terça-feira, 10 de Agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOCO

Batalhas entre católicos e mouros são recriadas nas Cavalhadas de Franca

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO

O Parque de Exposições Fernando Costa, de Franca, foi "invadido", anteontem, por dois grupos. De um lado, os católicos, vestidos de azul e com a cruz bordada nas vestes, liderados pelo rei Carlos Magno, nomeado imperador do Ocidente. Do outro, os mouros, paramentados de vermelho, muitos adereços e o símbolo da meia-lua.
Os personagens fazem parte das Cavalhadas de Franca. O evento folclórico é realizado tradicionalmente na cidade diante de centenas de pessoas -a Polícia Militar e os organizadores não souberam estimar o número de pessoas no local.
Na encenação, 30 cavaleiros, divididos nos dois grupos, simulam enfrentamentos ocorridos no final do século 8, motivados pela intolerância religiosa. Sob as bênçãos de Roma, o imperador Carlos Magno marcha para a Espanha e lá derrota os muçulmanos.
A encenação de Franca é feita em dois momentos. Além da representação dos combates entre os dois lados dominantes da fé na época, no domingo, na noite de sexta-feira, quando o evento é oficialmente aberto na cidade, há um desfile de homens e cavalos no parque, com as luzes apagadas.
Com cada vez menos interessados em atuar como mouro ou católico, as cavalhadas têm sido mantidas graças à dedicação de um grupo de amigos.
No ano passado, invocando a lei do desarmamento, o evento sofreu um revés inesperado: as velhas garruchas, que emprestavam maior realidade às batalhas -embora inexistissem no tempo em que católicos e mouros se enfrentaram-, foram banidas por ordem judicial.
O Ministério Público entendeu que o uso de armas, mesmo figurativas, diante de uma plateia com a presença de crianças, e com menores entre os atores, feria a lei. Neste ano, porém, as garruchas voltaram a ser usadas.
No final da apresentação, após inúmeras escaramuças, mortes e enfrentamentos, os soldados de Carlos Magno raptam a princesa moura, que se converte ao cristianismo. Seu pai, o sultão turco, após jurar de morte o Ocidente, também se converte e seu castelo é incendiado.
O público de anteontem se dividiu na avaliação do espetáculo, de acordo com a faixa etária. Para as estudantes Maria Clara Spinelli, 17, e Denise Severiano, 16, a encenação é "meio chata e parada".
"Podia ter uma música mais agitada e ser mais curta", afirmou Denise.
Já para aposentado Clélio Severiano, é preciso manter as tradições, mesmo que as gerações mais novas tenham resistência em aceitar.
"É claro que parece menos atraente que muitas coisas atuais, mas se trata da preservação de uma tradição."


Texto Anterior: Futebol: Ferroviária goleia o Sertãozinho e chega ao 2º lugar do Grupo 2
Próximo Texto: Mãe de morta a tiros processará Estado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.