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FOCO
Batalhas entre católicos e mouros são recriadas nas Cavalhadas de Franca
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO
O Parque de Exposições
Fernando Costa, de Franca,
foi "invadido", anteontem,
por dois grupos. De um lado,
os católicos, vestidos de azul
e com a cruz bordada nas
vestes, liderados pelo rei Carlos Magno, nomeado imperador do Ocidente. Do outro, os
mouros, paramentados de
vermelho, muitos adereços e
o símbolo da meia-lua.
Os personagens fazem
parte das Cavalhadas de
Franca. O evento folclórico é
realizado tradicionalmente
na cidade diante de centenas
de pessoas -a Polícia Militar
e os organizadores não souberam estimar o número de
pessoas no local.
Na encenação, 30 cavaleiros, divididos nos dois grupos, simulam enfrentamentos ocorridos no final do século 8, motivados pela intolerância religiosa. Sob as
bênçãos de Roma, o imperador Carlos Magno marcha para a Espanha e lá derrota
os muçulmanos.
A encenação de Franca é
feita em dois momentos.
Além da representação dos
combates entre os dois lados
dominantes da fé na época,
no domingo, na noite de sexta-feira, quando o evento é
oficialmente aberto na cidade, há um desfile de homens
e cavalos no parque, com as
luzes apagadas.
Com cada vez menos interessados em atuar como
mouro ou católico, as cavalhadas têm sido mantidas
graças à dedicação de um
grupo de amigos.
No ano passado, invocando a lei do desarmamento, o
evento sofreu um revés inesperado: as velhas garruchas,
que emprestavam maior realidade às batalhas -embora
inexistissem no tempo em
que católicos e mouros se enfrentaram-, foram banidas
por ordem judicial.
O Ministério Público entendeu que o uso de armas,
mesmo figurativas, diante de
uma plateia com a presença
de crianças, e com menores
entre os atores, feria a lei.
Neste ano, porém, as garruchas voltaram a ser usadas.
No final da apresentação,
após inúmeras escaramuças,
mortes e enfrentamentos, os
soldados de Carlos Magno
raptam a princesa moura,
que se converte ao cristianismo. Seu pai, o sultão turco,
após jurar de morte o Ocidente, também se converte e seu
castelo é incendiado.
O público de anteontem se
dividiu na avaliação do espetáculo, de acordo com a faixa
etária. Para as estudantes
Maria Clara Spinelli, 17, e Denise Severiano, 16, a encenação é "meio chata e parada".
"Podia ter uma música
mais agitada e ser mais curta", afirmou Denise.
Já para aposentado Clélio
Severiano, é preciso manter
as tradições, mesmo que as
gerações mais novas tenham
resistência em aceitar.
"É claro que parece menos
atraente que muitas coisas
atuais, mas se trata da preservação de uma tradição."
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