Ribeirão Preto, Quinta-feira, 10 de Setembro de 2009

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Para limpar córrego, Ribeirão precisa plantar 10 mil árvores

Exigência para liberar desassoreamento de córregos na cidade foi feita pela Cetesb

Medida foi tomada pelo órgão após a prefeitura descumprir prazos para obter as licenças que permitem fazer o serviço


Márcia Ribeiro/Folha Imagem
Trecho assoreado do córrego Retiro Saudoso, na Maurilio Biagi

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Para voltar a desassorear os córregos de Ribeirão Preto, que estão sem limpeza há mais de dois meses, a prefeitura precisará abrir uma licitação para plantar 10 mil mudas de árvores na cidade. A exigência foi feita pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) depois que a administração descumpriu prazos para obter as licenças que permitem a execução do serviço.
A medida, considerada fundamental para evitar alagamentos -ontem houve mais um-, foi interrompida em meados de junho, quando a Promotoria do Meio Ambiente flagrou a deposição irregular de material retirado do fundo dos córregos em um terreno próximo à Mater, na zona norte.
Durante o período de interrupção do serviço, a prefeitura deixou de retirar diariamente dos córregos cerca de 200 m3 de material carreado, uma mistura de lama, entulho, vegetação e material orgânico em decomposição. O volume corresponde à capacidade de 40 caminhões basculantes com caçamba de 3,5 m x 2,7 m.
"O problema do assoreamento não é só a perda de volume de água que poderia estar na calha do córrego. Há também uma perda de capacidade de vazão. É como uma artéria entupida. Você pode ter um infarto por causa isso", disse o doutor em engenharia hidráulica da USP de São Paulo, Aluisio Canholi. O engenheiro foi o responsável pelo projeto da obra antienchente em execução na avenida Fábio Barreto, na região central da cidade.
Segundo o secretário do Meio Ambiente de Ribeirão, Joaquim Rezende, técnicos da pasta trabalham na elaboração de memoriais descritivos que permitirão a abertura de licitação para o plantio das 10 mil mudas de árvores em locais apontados pela Cetesb. Esses documentos, que devem ficar prontos em até 15 dias, orientam a forma de plantio e a escolha da espécie.
O secretário da Infraestrutura de Ribeirão Preto, Iussef Miguel Iun, no cargo desde anteontem, não soube informar ontem qual o impacto da paralisação do serviço para o agravamento das enchentes. Seu antecessor, José Roberto Romero, disse à Folha em julho que as enchentes poderiam ser agravadas por esse motivo.
Ontem, a Folha flagrou vegetação, lama e um cachorro morto no Retiro Saudoso, na avenida Maurilio Biagi. O local é o mesmo onde há uma semana centenas de peixes buscavam ar na superfície da água. Uma das explicações dadas para o problema foi a presença de vegetação alta, que impede o nado dos peixes. Segundo a diretora operacional da Secretaria da Infraestrutura, Ana Cristina Delgado Moreira, o local será prioridade para a prefeitura quando o desassoreamento for retomado.


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