Ribeirão Preto, Quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2010 |
Próximo Texto | Índice
Dívida "consome" até 34% dos Orçamentos
Maior débito de longo prazo é o de Ribeirão Preto, mas em Matão é registrado o maior comprometimento das receitas
JEAN DE SOUZA DA FOLHA RIBEIRÃO As dívidas de longo prazo das prefeituras nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto chegam a "consumir" até 33,7% do que elas pretendem arrecadar neste ano. Na média, a dívida consolidada ou fundada, como são chamados nos balanços os débitos com prazo superior a um ano, representam 18,3% do Orçamento dos maiores municípios, segundo levantamento feito pela Folha com base em leis orçamentárias para 2010 e informações das prefeituras. No total, as receitas estimadas pelas cidades somam R$ 3,4 bilhões, para dívidas de R$ 623 milhões -que, em alguns casos, estão parceladas em até 20 anos. Maior Orçamento da região, Ribeirão responde por 40% do montante devido: R$ 250,4 milhões, para uma previsão de receita de R$ 1,31 bilhão. Segundo o secretário da Fazenda de Ribeirão, Manoel Saraiva, os débitos longos da prefeitura estão equacionados até dezembro de 2029 e não representam um entrave para a administração. Com R$ 79 milhões para receber nos próximos anos, o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) é o maior credor da prefeitura. Débitos do Pasep (contribuição ao salário dos funcionários públicos) com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que somam R$ 66 milhões, e relativos a precatórios judiciais (R$ 30,6 milhões) completam a lista das maiores dívidas. O maior comprometimento da receita municipal em relação ao endividamento, no entanto, acontece em Matão, que tem receita prevista de R$ 121,8 milhões e endividamento de R$ 41 milhões (33,7%). Segundo o secretário da Fazenda de Matão, Moacir Bertaci, a maior parte do débito é com o INSS, relativo a dívidas trabalhistas antigas. Matão gasta cerca de R$ 2,5 milhões por ano com juros e amortização do débito. Segundo Bertaci, esse saldo devedor da administração está equacionado e não compromete investimentos. Com dívidas de R$ 120 milhões na praça, São Carlos gasta cerca de R$ 15 milhões ao ano com amortização e juros, segundo o secretário da Fazenda da cidade, Paulo Almeida. "É um dinheiro que poderia ser usado para investimento." A "herança" de administrações anteriores já consumiu R$ 113 milhões desde 2001, de acordo com o secretário. Para o especialista em orçamento e finanças públicas da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) Paulo Brasil Corrêa de Mello, a situação do endividamento, principalmente nas maiores cidades, não é preocupante desde que as dívidas sejam resultado de investimentos financiados por instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ou o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), por exemplo. Ele afirmou, porém, que há um limite para que a dívida não atrapalhe as administrações municipais. "A regra que há para oferecer recursos para as prefeituras não difere do mercado para o setor privado, que é a capacidade de pagamento para honrar compromissos", afirmou o especialista. Próximo Texto: INSS: Prefeituras se preparam para tentar eliminar dívidas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |