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Empresas ganham status de "universidade"
Salas de aula são montadas dentro de firmas do setor de serviços para capacitar e desenvolver a mão de obra
Profissionais de Ribeirão têm aula de gestão, relacionamento com clientes e línguas no próprio emprego
Márcia Ribeiro/Folhapress
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Rafael Vaz de Lima dá aula para Marcelo Teixeira na empresa Gôndola, em Ribeirão
JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO
Com escassez de mão de
obra qualificada, o mercado
de trabalho da região de Ribeirão Preto aposta na estratégia do "faça você mesmo"
para treinar funcionários e
enquadrá-los nas exigências
das empresas.
Esse tipo de treinamento
se diferencia daquele em que
o funcionário aprende trabalhando. Exige, por exemplo,
a implantação ou adaptação
de salas de aula dentro do
ambiente de trabalho.
Foi a dificuldade de contratar funcionário com as habilidades desejadas para o
negócio de montagem de instalações elétricas que fez a
Gôndola criar uma espécie
de embrião de universidade
corporativa dentro da empresa, há três anos.
De acordo com Rafael Vaz
de Lima, assistente de Desenvolvimento Humano da empresa, que tem sede em Ribeirão Preto, o objetivo do
núcleo de ensino interno "foi
ensinar a cultura da empresa
aos colaboradores".
"Precisamos fazer isso para adequar o profissional ao
nosso conceito de mercado.
Por causa das particularidades da empresa, seria muito
difícil contratar um profissional já com nosso perfil."
Na empresa, além dessa
adaptação cultural, os profissionais têm aulas de gestão e
relacionamento com clientes, entre outros cursos.
A Biosalc, empresa de Ribeirão da área de TI (Tecnologia de Informação) voltada
ao agronegócio, segue os
mesmos princípios.
A empresa montou uma
sala de aula interna que é
usada tanto para ensinar as
especificidades do agronegócio aos especialistas em informática quanto para oferecer outras habilidades, como
línguas estrangeiras.
Para o diretor do Instituto
de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e
Industrial de Ribeirão Preto),
Antonio Vicente Golfeto, esse tipo de estratégia deve se
tornar tendência na medida
em que o desemprego cai e
torna cada vez mais rara a
mão de obra especializada
disponível no mercado.
Um fator estrutural, segundo Golfeto, deve acentuar o movimento. "O mercado é muito mais dinâmico do
que a estrutura de formação
de ensino formal."
Qualidade e quantidade
de trabalhadores são os principais entraves para as empresas atualmente, segundo
o diretor do Centro de Treinamento Senai de Sertãozinho,
Luiz Zanbom Neto.
Em Sertãozinho, segundo
ele, é grande a procura pelo
ensino em escolas técnicas,
mas a pujança econômica
também tem elevado a procura de empresas por qualificação "in company", ou seja,
no local onde o trabalhador
atua ou irá atuar.
Segundo Zanbom Neto, o
Senai está capacitado a oferecer cursos customizados,
de acordo com o perfil pedido pela empresa.
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