Ribeirão Preto, Domingo, 11 de Julho de 2010

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Empresas ganham status de "universidade"

Salas de aula são montadas dentro de firmas do setor de serviços para capacitar e desenvolver a mão de obra

Profissionais de Ribeirão têm aula de gestão, relacionamento com clientes e línguas no próprio emprego

Márcia Ribeiro/Folhapress
Rafael Vaz de Lima dá aula para Marcelo Teixeira na empresa Gôndola, em Ribeirão

JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO

Com escassez de mão de obra qualificada, o mercado de trabalho da região de Ribeirão Preto aposta na estratégia do "faça você mesmo" para treinar funcionários e enquadrá-los nas exigências das empresas.
Esse tipo de treinamento se diferencia daquele em que o funcionário aprende trabalhando. Exige, por exemplo, a implantação ou adaptação de salas de aula dentro do ambiente de trabalho.
Foi a dificuldade de contratar funcionário com as habilidades desejadas para o negócio de montagem de instalações elétricas que fez a Gôndola criar uma espécie de embrião de universidade corporativa dentro da empresa, há três anos.
De acordo com Rafael Vaz de Lima, assistente de Desenvolvimento Humano da empresa, que tem sede em Ribeirão Preto, o objetivo do núcleo de ensino interno "foi ensinar a cultura da empresa aos colaboradores".
"Precisamos fazer isso para adequar o profissional ao nosso conceito de mercado. Por causa das particularidades da empresa, seria muito difícil contratar um profissional já com nosso perfil."
Na empresa, além dessa adaptação cultural, os profissionais têm aulas de gestão e relacionamento com clientes, entre outros cursos.
A Biosalc, empresa de Ribeirão da área de TI (Tecnologia de Informação) voltada ao agronegócio, segue os mesmos princípios.
A empresa montou uma sala de aula interna que é usada tanto para ensinar as especificidades do agronegócio aos especialistas em informática quanto para oferecer outras habilidades, como línguas estrangeiras.
Para o diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Antonio Vicente Golfeto, esse tipo de estratégia deve se tornar tendência na medida em que o desemprego cai e torna cada vez mais rara a mão de obra especializada disponível no mercado.
Um fator estrutural, segundo Golfeto, deve acentuar o movimento. "O mercado é muito mais dinâmico do que a estrutura de formação de ensino formal."
Qualidade e quantidade de trabalhadores são os principais entraves para as empresas atualmente, segundo o diretor do Centro de Treinamento Senai de Sertãozinho, Luiz Zanbom Neto.
Em Sertãozinho, segundo ele, é grande a procura pelo ensino em escolas técnicas, mas a pujança econômica também tem elevado a procura de empresas por qualificação "in company", ou seja, no local onde o trabalhador atua ou irá atuar.
Segundo Zanbom Neto, o Senai está capacitado a oferecer cursos customizados, de acordo com o perfil pedido pela empresa.


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