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Jovens se profissionalizam na música
Músicos de Ribeirão seguem carreira após o contato que tiveram em projetos sociais com o mundo erudito
A Cia Minaz, fundada pela maestrina Gisele Ganade, foi criada para dar aos jovens acesso
ao ensino de música
DE RIBEIRÃO PRETO
Aos 15 anos, Daniel Isaias
Fernandes, 22, começou a
frequentar aulas de música
na igreja semanalmente. No
início, ele tocava harpa, mas
não tinha a pretensão de seguir como músico.
"Nunca pensei em seguir
nesta carreira. Queria fazer
um monte de coisa, mas nada relacionado a música",
lembra. Dois anos depois, viu
a apresentação da Orquestra
Sinfônica de Ribeirão Preto e
a decisão ficou clara: o que
ele queria era estar ali.
A história continua e, hoje,
Daniel é trainee da orquestra
que o inspirou e cursa o 3º
ano de música na USP de Ribeirão. Assim como ele, outros adolescentes e crianças
encontram nos projetos sociais um impulso e uma oportunidade para conhecer-e
optar- pela música erudita.
O começo do músico foi na
Ofaderp (Orquestra Filarmônica da Igreja Assembleia de
Deus de Ribeirão Preto), projeto que completa nove anos
na cidade e que oferece curso
de música para crianças a
partir de 6 anos.
De acordo com o idealizador e regente do projeto,
Adiel Gomes Pereira, hoje
são 60 músicos, todos voluntários, que começaram a tocar por meio do curso oferecido pelo programa.
"Os adolescentes são
maioria e, hoje, parte dos
professores é de jovens que
começaram com a gente. A
turma vai se renovando."
O próprio Gomes começou
na igreja e, depois de ingressar na polícia -ele é sargento
da Polícia Militar-, se especializou na área e resolveu
ensinar música.
No intuito de formar público e profissionais de canto lírico, a maestrina Gisele Ganade fundou há 20 anos a Cia
Minaz, outro ponto de formação de música erudita.
O projeto surgiu para dar
aos jovens da cidade acesso
ao ensino de canto após dificuldades que vivenciou no
seu processo de formação.
"Para estudar música era
preciso ir a grandes centros.
Lembro que morei na minha
adolescência em Ribeirão
Preto e, depois, fui para Campinas fazer faculdade, mas
precisava ir para São Paulo
ter aulas", conta.
Segundo a maestrina, outra barreira é o custo. "Estudar música é oneroso e nem
todos podem pagar para ter
aulas", disse Gisele.
Mantida por meio de patrocínios e de leis de incentivo fiscal, a companhia tem,
atualmente, cerca de 200
alunos, entre crianças, jovens e adultos.
Já na porta do Teatro Minaz, onde acontecem aulas e
apresentações, é possível ouvir um coro de vozes que, dedicadas, repetem notas e fazem da cidade um destaque
do interior no ensino e na difusão da arte.
"Temos pessoas que seguiram na música, alunos
que agora são professores e
antigos coralistas que, hoje,
trazem seus filhos para ter
aulas. Vai se reciclando, se
renova, o que é muito gratificante."
(LIGIA SOTRATTI)
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