Ribeirão Preto, Domingo, 11 de Julho de 2010

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Jovens se profissionalizam na música

Músicos de Ribeirão seguem carreira após o contato que tiveram em projetos sociais com o mundo erudito

A Cia Minaz, fundada pela maestrina Gisele Ganade, foi criada para dar aos jovens acesso ao ensino de música

DE RIBEIRÃO PRETO

Aos 15 anos, Daniel Isaias Fernandes, 22, começou a frequentar aulas de música na igreja semanalmente. No início, ele tocava harpa, mas não tinha a pretensão de seguir como músico.
"Nunca pensei em seguir nesta carreira. Queria fazer um monte de coisa, mas nada relacionado a música", lembra. Dois anos depois, viu a apresentação da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e a decisão ficou clara: o que ele queria era estar ali.
A história continua e, hoje, Daniel é trainee da orquestra que o inspirou e cursa o 3º ano de música na USP de Ribeirão. Assim como ele, outros adolescentes e crianças encontram nos projetos sociais um impulso e uma oportunidade para conhecer-e optar- pela música erudita.
O começo do músico foi na Ofaderp (Orquestra Filarmônica da Igreja Assembleia de Deus de Ribeirão Preto), projeto que completa nove anos na cidade e que oferece curso de música para crianças a partir de 6 anos.
De acordo com o idealizador e regente do projeto, Adiel Gomes Pereira, hoje são 60 músicos, todos voluntários, que começaram a tocar por meio do curso oferecido pelo programa.
"Os adolescentes são maioria e, hoje, parte dos professores é de jovens que começaram com a gente. A turma vai se renovando."
O próprio Gomes começou na igreja e, depois de ingressar na polícia -ele é sargento da Polícia Militar-, se especializou na área e resolveu ensinar música.
No intuito de formar público e profissionais de canto lírico, a maestrina Gisele Ganade fundou há 20 anos a Cia Minaz, outro ponto de formação de música erudita.
O projeto surgiu para dar aos jovens da cidade acesso ao ensino de canto após dificuldades que vivenciou no seu processo de formação.
"Para estudar música era preciso ir a grandes centros. Lembro que morei na minha adolescência em Ribeirão Preto e, depois, fui para Campinas fazer faculdade, mas precisava ir para São Paulo ter aulas", conta.
Segundo a maestrina, outra barreira é o custo. "Estudar música é oneroso e nem todos podem pagar para ter aulas", disse Gisele.
Mantida por meio de patrocínios e de leis de incentivo fiscal, a companhia tem, atualmente, cerca de 200 alunos, entre crianças, jovens e adultos.
Já na porta do Teatro Minaz, onde acontecem aulas e apresentações, é possível ouvir um coro de vozes que, dedicadas, repetem notas e fazem da cidade um destaque do interior no ensino e na difusão da arte.
"Temos pessoas que seguiram na música, alunos que agora são professores e antigos coralistas que, hoje, trazem seus filhos para ter aulas. Vai se reciclando, se renova, o que é muito gratificante."
(LIGIA SOTRATTI)


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