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USP cria código mais seguro para internet
Programa, em fase de patente, usa combinação de criptografia com a Teoria do Caos
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
Quando o cliente de um
banco ou de sites como o
Submarino digita uma senha
ou número do cartão e lê na
tela a frase "você está entrando em uma conexão segura",
nem sempre pode confiar
nessa mensagem.
Mesmo informações protegidas por um código -ou seja, criptografadas - podem
ser rastreadas por hackers,
os "piratas" da internet.
Ciente desse risco, um grupo de pesquisadores da USP
de São Carlos e de Ribeirão
Preto criou um novo sistema
de criptografia.
A pesquisa, iniciada há
três anos, combina o modelo
simples da criptografia tradicional com a Teoria do Caos e
a informática.
Uma combinação entre
matemática e a física, a Teoria do Caos tornou-se conhecida no senso comum pela
metáfora do "efeito borboleta", que diz que o bater das
asas de uma borboleta em
São Paulo pode provocar
uma nevasca em Moscou.
Na linguagem técnica, a
teoria quer dizer que minúsculas alterações em uma sequência podem alterar totalmente o resultado.
Outro exemplo dado pelo
professor Odemir Martinez
Bruno, do Instituto de Física
de São Carlos e um dos coordenadores do estudo, é o do
tabuleiro de dado.
Se alguém jogar cem vezes
dado para cima, nunca saberá o resultado. Mas e se fosse
possível mudar a inclinação
da mesa para que o dado só
tivesse um resultado? É a sequência matemática montada pela Teoria do Caos.
"Ela consegue gerar sequências numéricas que parecem aleatórias, mas que eu
posso fazer de novo exatamente da mesma forma porque criei os parâmetros de
uma equação que só eu conheço", afirma o docente.
O ganho da pesquisa da
USP é aliar o que até então só
era provado no papel para a
velocidade da internet. Os esforços até então feitos com a
Teoria do Caos, conta o pesquisador, se limitaram à lousa ou, no máximo, a modelos
lentos por computador.
Para traduzir para a linguagem da internet, o professor usou o exemplo de uma
filial de banco transferindo
as informações contidas em
um DVD ao final de um dia
para sua sede.
Pela criptografia tradicional, demoraria dez minutos
para que os dados fossem
embaralhados, transmitidos
via web e decodificados pela
sede do banco.
No modelo antigo da criptografia caótica, o tempo seria bem maior: três horas,
mas com uma segurança
muito mais garantida. Pelo
modelo da USP, a transmissão demoraria 16 minutos,
com a mesma segurança do
segundo exemplo.
O programa está em fase
de patente e deve ser colocado no mercado.
É possível criar uma mensagem codificada pelo modelo da USP em http://mandelbrot.ifsc.usp.br/criptografia.
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