Ribeirão Preto, Domingo, 11 de Julho de 2010

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USP cria código mais seguro para internet

Programa, em fase de patente, usa combinação de criptografia com a Teoria do Caos

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Quando o cliente de um banco ou de sites como o Submarino digita uma senha ou número do cartão e lê na tela a frase "você está entrando em uma conexão segura", nem sempre pode confiar nessa mensagem.
Mesmo informações protegidas por um código -ou seja, criptografadas - podem ser rastreadas por hackers, os "piratas" da internet.
Ciente desse risco, um grupo de pesquisadores da USP de São Carlos e de Ribeirão Preto criou um novo sistema de criptografia.
A pesquisa, iniciada há três anos, combina o modelo simples da criptografia tradicional com a Teoria do Caos e a informática.
Uma combinação entre matemática e a física, a Teoria do Caos tornou-se conhecida no senso comum pela metáfora do "efeito borboleta", que diz que o bater das asas de uma borboleta em São Paulo pode provocar uma nevasca em Moscou.
Na linguagem técnica, a teoria quer dizer que minúsculas alterações em uma sequência podem alterar totalmente o resultado.
Outro exemplo dado pelo professor Odemir Martinez Bruno, do Instituto de Física de São Carlos e um dos coordenadores do estudo, é o do tabuleiro de dado.
Se alguém jogar cem vezes dado para cima, nunca saberá o resultado. Mas e se fosse possível mudar a inclinação da mesa para que o dado só tivesse um resultado? É a sequência matemática montada pela Teoria do Caos.
"Ela consegue gerar sequências numéricas que parecem aleatórias, mas que eu posso fazer de novo exatamente da mesma forma porque criei os parâmetros de uma equação que só eu conheço", afirma o docente.
O ganho da pesquisa da USP é aliar o que até então só era provado no papel para a velocidade da internet. Os esforços até então feitos com a Teoria do Caos, conta o pesquisador, se limitaram à lousa ou, no máximo, a modelos lentos por computador.
Para traduzir para a linguagem da internet, o professor usou o exemplo de uma filial de banco transferindo as informações contidas em um DVD ao final de um dia para sua sede.
Pela criptografia tradicional, demoraria dez minutos para que os dados fossem embaralhados, transmitidos via web e decodificados pela sede do banco.
No modelo antigo da criptografia caótica, o tempo seria bem maior: três horas, mas com uma segurança muito mais garantida. Pelo modelo da USP, a transmissão demoraria 16 minutos, com a mesma segurança do segundo exemplo.
O programa está em fase de patente e deve ser colocado no mercado.
É possível criar uma mensagem codificada pelo modelo da USP em http://mandelbrot.ifsc.usp.br/criptografia.


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