Ribeirão Preto, Domingo, 11 de Outubro de 2009

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No centro, calçada é "inimiga" de pedestre

Estudo conclui que em Ribeirão Preto elas não têm largura mínima exigida ou apresentam interferências, como mesas


No quadrilátero central, 32 quadras não têm a largura mínima e em 18, a faixa para pedestres é prejudicada por barreiras

Edson Silva/Folha Imagem
Passageiros aguardam ônibus em ponto na r. Visconde de Inhaúma, centro de Ribeirão, o que impede a circulação de pedestres

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A recepcionista Eslinda Oliveira, 61, funcionária de um salão de cabeleireiro, precisou ficar dois anos afastada do trabalho para se recuperar de uma cirurgia no pé. A "culpa" pelo tombo foi de uma calçada da rua Visconde de Inhaúma, no centro de Ribeirão Preto.
Passeios com desníveis acentuados, como o que fez Oliveira virar o pé quatro anos atrás, são apenas um dos problemas enfrentados por quem caminha pelo centro da cidade.
O diagnóstico está em um estudo desenvolvido pelo arquiteto José Luiz de Almeida como trabalho de conclusão de curso de pós-graduação em gerente de cidade da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado) de Ribeirão Preto.
Em seu trabalho, Almeida, que é chefe da Divisão de Sistema Viário da prefeitura, concluiu que todas as calçadas do quadrilátero central apresentam um alto grau de comprometimento para o trânsito de pedestres, seja por não terem a largura mínima exigida pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) -2,5 m- ou pela existência de interferências como vegetação inadequada, postes, pontos de ônibus e objetos, como mesas.
"Andar com conforto e segurança seria você subir, por exemplo, a rua São José todinha a pé, do centro até a [avenida] Nove de Julho, sem ter que sair para a rua, contar o passo, tropeçar", afirmou Almeida.
Todas as quadras do quadrilátero central, exceto as do calçadão, foram analisadas: 32 não apresentam a largura mínima e outras 18 têm a largura exigida, mas a faixa de circulação de pedestres acaba comprometida por obstáculos.
Um ponto de ônibus numa calçada de grande movimento no centro de Ribeirão pode parecer inofensivo aos olhos de um pedestre. Mas basta o final do dia chegar para o passeio ser tomado por comerciários e consumidores aguardando o coletivo. "Não dá para passar. A minha sorte é que eu sou um pouco mais "forte" que os outros, então eu vou andando e pedindo licença", disse o advogado Vicente Carlos de Macedo, 69, que trabalha no centro.
Para Eduardo Daros, presidente da Associação Brasileira de Pedestres, é preciso que as cidades definam o uso de suas áreas centrais, mais vocacionadas a pedestres, sem ignorar a necessidade da chegada de carros e transporte público.
Em Ribeirão, os pontos de maior concentração de linhas foram transferidos para as calçadas após a desativação dos terminais da praça Carlos Gomes e da avenida Jerônimo Gonçalves, em 1999, na gestão de Luiz Roberto Jábali (PSDB). A medida é vista por Almeida como um "equívoco".
Além dos pontos de ônibus, 18 tipos de interferências foram identificadas -degraus, pavimentos esburacados etc.


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