Ribeirão Preto, Quinta-feira, 11 de Novembro de 2010

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Estado afasta professora após confusão com alunos

Substituta de 62 anos é acusada de ter agredido três estudantes de 8 anos

Acusada diz que ela é a vítima; caso ocorrido na escola estadual Orlando Jurca, em Ribeirão, foi parar na delegacia

Márcia Ribeiro/Folhapress
Dois alunos envolvidos na confusão saem da escola

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
LUIZA PELLICANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Uma professora de 62 anos foi afastada ontem da escola estadual Orlando Jurca, de Ribeirão, após se envolver em uma confusão com três alunos de 8 anos dentro de uma classe de segunda série.
As mães dos alunos registraram boletim de ocorrência de lesão corporal contra a professora. O caso aconteceu na tarde de anteontem, no bairro Adelino Simioni, periferia da cidade, e envolveu duas meninas e um garoto.
A professora Nadir Rodrigues foi acusada de ter dado um soco na boca do menino e de ter agarrado uma das meninas pelo braço e a empurrado contra a parede.
Segundo os alunos, a confusão se deu porque Nadir, primeiro, impediu o menino de ir ao banheiro. Ele desobedeceu e, na volta, ficou de castigo. Uma das meninas também pediu para ir ao banheiro, não foi autorizada e fez xixi nas calças. A colega foi ajudá-la e teria sido agredida pela professora.
Nadir, que é substituta, disse à Folha que está muito abalada. "Em 23 anos de magistério nunca passei por isso. Nessa história eu é que sou a vítima." A professora disse que não volta mais para a sala de aula e afirmou que, desde abril, aguarda sua aposentadoria.
Tanto os alunos como a professora passaram ontem por exame médico. Maria Beatriz Moura, titular da Delegacia de Defesa da Mulher, vai investigar o caso.
Ontem, as três mães com os filhos se reuniram na escola com um representante da Secretaria da Educação. Segundo as mães, a secretaria se comprometeu a manter a professora afastada enquanto durar a investigação.
Em nota, a pasta disse que, além do afastamento da docente, iniciou uma apuração. Informou ainda que as crianças vão receber acompanhamento especial.
A diretora da Orlando Jurca, Fernanda Junqueira Touro Pinheiro, não quis falar com a Folha, mas disse à polícia estar ciente das supostas agressões.
Segundo Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão, atualmente os professores estão em seu limite. "Eles não têm nenhum meio para coibir um comportamento inadequado. Uma série de fatores faz os alunos se sentirem impunes."
A escola Orlando Jurca fica na zona norte. No bairro estão instaladas três favelas, onde moram cerca de 7.500 pessoas. Para o delegado Sérgio Siqueira, do 5º DP, a região é a "faixa de Gaza" ribeirão-pretana, devido ao suporte ao tráfico.


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