Ribeirão Preto, Domingo, 12 de Junho de 2011

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Memória ameaçada

Sem espaço adequado e com problemas de infraestrutura , o Arquivo Público e Histórico de Ribeirão passou a guardar documentos até mesmo nos banheiros da instituição, que deixou de receber doações

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


Com infraestrutura precária e falta de espaço físico, o Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto passou a guardar documentos até nos banheiros da sede.
Às vésperas do aniversário de Ribeirão, arquivos de interesse histórico para a cidade estão ameaçados por ausência de local adequado para a armazenagem. O problema também faz o arquivo recusar a doação de novos materiais para o acervo.
Por conta disso, o órgão freou um de seus projetos principais, o Álbum de Família, que faz um resgate da história das famílias da cidade.
O projeto, que nasceu com a intenção de receber documentos históricos, como passaportes e fotografias, agora funciona como uma espécie de "operação salvamento".
"Só recebemos os documentos que as famílias estão prestes a jogar no lixo", explica Tânia Registro, historiadora da instituição.
Por causa da situação estrutural, documentos a partir da década de 1980 não puderam mais ser aceitos.
"É uma pena porque, embora aparentemente recentes, contarão a história para as gerações futuras", disse.
Para garantir a guarda, materiais foram parar em cinco banheiros e estão amontoados em pias e até em cima de vasos sanitários.
Entre os documentos estão escrituras e processos de imóveis. Nem a copa e a cozinha ficaram de fora -servem de abrigo para o acervo de fotografias.
Os problemas não estão restritos à falta de espaço: a própria infraestrutura do imóvel, alugado por R$ 4.000 mensais, não é ideal para guardar os documentos.
"A casa sofreu com infiltrações nas paredes e houve problemas com goteiras. Documentos chegaram a ser atingidos e, por isso, foi preciso que as prateleiras ficassem cobertas com lonas escuras", afirmou Leila Heck, tesoureira da Associação dos Amigos do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão.
A associação aponta outros problemas, como iluminação inadequada, ausência de controle climático e de profissionais qualificados para o manejo do acervo.
"Quando mudamos para cá, em 1995, foi um lugar legal porque comportava o volume de documentos da época. Mas a ideia era que fosse uma sede provisória até que se encontrasse um local adequado", diz Tânia.
Pastas, livros e jornais de décadas passadas dividem a passagem dos funcionários pelos corredores.
O arquivo, que possui cerca de 300 mil documentos em todo o acervo, recebe uma média de 2.000 consultas por ano, a maior parte de pesquisadores e estudantes de Ribeirão e da região.


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