Ribeirão Preto, Sábado, 12 de junho de 1999

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CRIME
Ameaça, feita por telefone antes do depoimento do prefeito Sérgio Augusto de Freitas, faz juiz pedir reforço policial
Juiz de Igarapava diz sofrer ameaças

ALESSANDRO BRAGHETO
enviado especial a Igarapava

O juiz de Igarapava, Humberto Aparecido da Rocha, 36, determinou o reforço do policiamento no Fórum após receber uma ameaça de morte ontem, uma hora e meia antes do depoimento do prefeito Sérgio Augusto de Freitas (PSDB).
Freitas prestou depoimento como testemunha no assassinato de seu antecessor, Gilberto Soares dos Santos (PSDB), em outubro de 98. O prefeito, no entanto, vem sendo apontado como mandante.
Pelo menos cinco policiais militares foram colocados estrategicamente na frente do Fórum e no corredor próximo à sala de audiências para garantir o depoimento de Freitas. Normalmente, apenas um policial fica no local.
O depoimento ocorreu dois dias depois da prisão de Marcelo Tiago da Silva, que afirmou informalmente à polícia que Freitas pagou pela morte do prefeito.
A Procuradoria Geral de Justiça vai determinar a reabertura do inquérito policial que apura a morte do prefeito por achar que existem indícios de que Freitas tenha encomendado o crime.
Segundo o juiz, o telefonema ocorreu por volta das 13h30. "A pessoa que ligou disse que eu iria morrer. Fiquei bastante preocupado, pois sei que, se mataram um prefeito, por que não matariam um juiz?", afirmou Rocha.
O juiz comunicou a ameaça de morte recebida para o Tribunal de Justiça, que irá apurar o caso.
Em seu depoimento à Justiça, como testemunha, o atual prefeito apresentou ao juiz uma auditoria na prefeitura que aponta irregularidades na administração de Santos, além de nomes de pessoas que estariam "interessadas" em apontá-lo como mandante do crime por motivos políticos.
Na auditoria apresentada ao juiz, estão irregularidades na emissão de notas fiscais e também em licitações da prefeitura.
"Nós constatamos na auditoria nomes de pessoas que estão agora me acusando de coisas que não cometi para denegrir minha imagem", disse, após o depoimento.
Os sete volumes da auditoria e os dois relatórios finais foram protocolados no Fórum a fim de serem analisados pela Justiça.
"A apresentação dessa auditoria foi uma atitude estranha ao depoimento, pois ele foi ouvido apenas como testemunha, e não como acusado. É como se ele quisesse se defender", afirmou o juiz.
A Folha apurou que, entre os nomes citados na auditoria como responsáveis por irregularidades na prefeitura, estaria o de Eurípedes Barcelos, empreiteiro preso junto com o comerciante Fued Maluf sob a acusação de também serem mandantes do crime.
Outras oito pessoas já foram presas acusadas de terem participado do crime contra Soares.
Sobre a decisão da Procuradoria Geral de reabrir o inquérito, Freitas disse estar tranquilo. "É até bom que seja reaberto o inquérito para que a verdade seja dita."
Ontem à tarde, o rapaz preso também prestou depoimento à Justiça, mas, após orientações de seu advogado, ficou em silêncio e só irá falar em plenário.



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