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CRIME
Ameaça, feita por telefone antes do depoimento do prefeito Sérgio Augusto de Freitas, faz juiz pedir reforço policial
Juiz de Igarapava diz sofrer ameaças
ALESSANDRO BRAGHETO
enviado especial a Igarapava
O juiz de Igarapava, Humberto
Aparecido da Rocha, 36, determinou o reforço do policiamento no
Fórum após receber uma ameaça
de morte ontem, uma hora e meia
antes do depoimento do prefeito
Sérgio Augusto de Freitas (PSDB).
Freitas prestou depoimento como testemunha no assassinato de
seu antecessor, Gilberto Soares dos
Santos (PSDB), em outubro de 98.
O prefeito, no entanto, vem sendo
apontado como mandante.
Pelo menos cinco policiais militares foram colocados estrategicamente na frente do Fórum e no
corredor próximo à sala de audiências para garantir o depoimento de Freitas. Normalmente,
apenas um policial fica no local.
O depoimento ocorreu dois dias
depois da prisão de Marcelo Tiago
da Silva, que afirmou informalmente à polícia que Freitas pagou
pela morte do prefeito.
A Procuradoria Geral de Justiça
vai determinar a reabertura do inquérito policial que apura a morte
do prefeito por achar que existem
indícios de que Freitas tenha encomendado o crime.
Segundo o juiz, o telefonema
ocorreu por volta das 13h30. "A
pessoa que ligou disse que eu iria
morrer. Fiquei bastante preocupado, pois sei que, se mataram um
prefeito, por que não matariam
um juiz?", afirmou Rocha.
O juiz comunicou a ameaça de
morte recebida para o Tribunal de
Justiça, que irá apurar o caso.
Em seu depoimento à Justiça, como testemunha, o atual prefeito
apresentou ao juiz uma auditoria
na prefeitura que aponta irregularidades na administração de Santos, além de nomes de pessoas que
estariam "interessadas" em apontá-lo como mandante do crime por
motivos políticos.
Na auditoria apresentada ao juiz,
estão irregularidades na emissão
de notas fiscais e também em licitações da prefeitura.
"Nós constatamos na auditoria
nomes de pessoas que estão agora
me acusando de coisas que não cometi para denegrir minha imagem", disse, após o depoimento.
Os sete volumes da auditoria e os
dois relatórios finais foram protocolados no Fórum a fim de serem
analisados pela Justiça.
"A apresentação dessa auditoria
foi uma atitude estranha ao depoimento, pois ele foi ouvido apenas
como testemunha, e não como
acusado. É como se ele quisesse se
defender", afirmou o juiz.
A Folha apurou que, entre os nomes citados na auditoria como responsáveis por irregularidades na
prefeitura, estaria o de Eurípedes
Barcelos, empreiteiro preso junto
com o comerciante Fued Maluf
sob a acusação de também serem
mandantes do crime.
Outras oito pessoas já foram presas acusadas de terem participado
do crime contra Soares.
Sobre a decisão da Procuradoria
Geral de reabrir o inquérito, Freitas disse estar tranquilo. "É até
bom que seja reaberto o inquérito
para que a verdade seja dita."
Ontem à tarde, o rapaz preso
também prestou depoimento à
Justiça, mas, após orientações de
seu advogado, ficou em silêncio e
só irá falar em plenário.
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