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Blitz antifumo não existe em 16 cidades
Prefeituras dizem que não podem pagar hora extra a funcionários para as rondas noturnas; Serra diz que é desculpa
Em alguns bares, donos dizem que não conseguem impedir clientes de fumar; Saúde afirma que cidade maior é obrigada a ajudar
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
LIGIA SOTRATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A fiscalização da lei antifumo, que entrou em vigor na última sexta-feira, não alcança os
bares e restaurantes da maioria
das 26 cidades com mais de 30
mil habitantes da região de Ribeirão Preto.
Segundo levantamento feito
pela Folha, 16 municípios consultados informaram que não
têm condições de fazer rondas
noturnas em bares, restaurantes e lanchonetes por falta de
pessoal. Em muitos casos, os
responsáveis criticaram a atitude de repassar às Vigilâncias
Sanitárias municipais a responsabilidade de autuar.
Somente seis cidades informaram ter destacado funcionários para percorrer os estabelecimentos à noite, mas nenhuma aplicou multa.
As outras quatro (Ribeirão,
Franca, Araraquara e Barretos)
são sedes de DRSs (Departamento Regional de Saúde), do
Estado, e têm a atuação diária
de técnicos capacitados pela
Secretaria de Estado da Saúde
no trabalho noturno. São 20
profissionais treinados.
As cidades que não cobram o
cumprimento da lei reúnem
população de 980 mil habitantes, quase um terço de todos os
habitantes da região. Entre as
cidades sem fiscalização está
São Carlos, com 220 mil habitantes. Nenhum bar ou restaurante foram vistoriados.
A reportagem visitou cinco
que, apesar da ausência do Estado, procuraram se adequar
com placas e alertas a clientes.
"Fizemos um trabalho de divulgação para conscientizar os
frequentadores com informações que peguei pela internet.
Até agora, ninguém do município veio verificar o local", disse
Antônio Carlos Novaes, dono
do restaurante La Villa.
Em Sertãozinho, com 111 mil
habitantes, a situação é idêntica. A Folha percorreu oito estabelecimentos e todos os responsáveis disseram desconhecer o teor da lei, embora alguns
tenham aderido com cartazes e
orientação aos clientes.
Em um bar na região central
da cidade, o dono disse ter dúvidas em relação ao que precisa
fazer para se adaptar à lei. Ele
não instalou as placas padronizadas e admitiu que, embora
seja contra, já permitiu fumo
após a vigência da lei.
"Acenderam o cigarro, eu pedi para apagar, mas assim mesmo continuaram. Não vou
comprar briga com meu cliente, a não ser que outro reclame", disse Gustavo Simões.
O prefeito de Sertãozinho,
Nério Costa (PPS), criticou a
forma como a lei antifumo foi
implantada. "O governador não
pode decidir e jogar a bomba
para os municípios. Estou cortando hora extra por causa da
crise, então não tem chance de
colocar gente à noite."
Algumas cidades consultadas, como Ituverava, Pontal,
Bebedouro e Jaboticabal, informaram que a fiscalização será feita durante o dia, com os
outros afazeres da Vigilância
local. Outras, como Matão e
Monte Alto, dizem fazer orientação apenas se procuradas.
Apenas Serrana, Taquaritinga, Olímpia, Pitangueiras e Itápolis disseram fiscalizar.
O governador José Serra
(PSDB), que esteve em Araraquara ontem, disse que as cidades que alegam falta de dinheiro estão dando "desculpa".
"É uma cooperação com as
prefeituras, basicamente [a fiscalização]. Elas têm condição,
sim. Quem quiser coopera, pois
não precisa botar dinheiro,
basta pegar funcionários já
existentes. A questão da hora
extra é pretexto, desculpa destes municípios", afirmou.
A Secretaria de Estado da
Saúde informou que os técnicos que atuam nas grandes cidades devem seguir para os
menores municípios para fiscalizar. Já Serra disse que municípios menores devem assumir o serviço dentro da cidade.
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