Ribeirão Preto, Sexta-feira, 13 de Fevereiro de 2009

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Famílias ficam ilhadas em casa
por 64 h

Desde a madrugada de terça, duas casas da Vila Elisa estão com a água na altura dos joelhos, e Daerp não foi ao local ainda

Prefeitura afirmou que iria ao bairro até a noite de ontem; moradoras dizem que mato em bueiro causa o alagamento nas casas

Silva Junior/Folha Imagem
Denise de Oliveira Souza, em sua casa, que alagou na madrugada de terça, na Vila Elisa, em Ribeirão

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

As duas famílias que ficaram desalojadas por causa de uma enchente no bairro Vila Elisa, em Ribeirão Preto, na última terça-feira, continuavam na mesma situação até as 18h de ontem, 64 horas depois da enchente que atingiu suas casas.
Na casa de três cômodos da cantora Denise de Oliveira Souza, 42, a água que transbordou do lago do Dito Cabrito ainda estava na altura dos joelhos. Roupas, móveis e eletrodomésticos estão estragados.
Desde o dia da chuva, a cantora e sua vizinha, a dona-de-casa Maria de Fátima Marcelino, 52, também desalojada, dizem que o nível da água do lago não abaixa porque há no bairro um bueiro entupido, fato que até ontem não havia sido verificado nem pelo Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) nem pela Secretaria de Infraestrutura.
Anteontem, a Folha entrou em contato com a Coordenadoria de Comunicação Social para perguntar sobre o possível entupimento, mas foi informada pelo chefe da divisão de esgoto da autarquia, Sérgio Linardi, de que o problema não existia. A promessa da prefeitura era de que técnicos verificariam a possibilidade de ações de drenagem da água ontem, o que não aconteceu.
"A gente já tentou tirar o mato daquele bueiro, mas quando tentamos arrancar, uma força puxa o braço para dentro. Então, não deve estar entupido, deve ser só mato que cresceu lá dentro, mas ninguém resolve nosso problema", disse a cantora ontem.
Segundo Souza, quando ela se identifica aos funcionários do Daerp como a "mulher da enchente da Vila Elisa, que teve os filhos resgatados pelos bombeiros", os funcionários desligam o telefone e não enviam técnicos ao bairro.
O coordenador da Defesa Civil de Ribeirão, João Alberto Sahd, disse que, desde o dia da enchente, cobra providências do Daerp. Segundo ele, as famílias foram convidadas a deixar o local, por causa dos riscos à saúde. "Mas elas não querem sair", disse Sahd.
A cantora, que desde a noite de terça-feira dorme com os filhos em um bar improvisado numa espécie de barraco na rua de sua casa, disse ter medo de roubos. "Se eu sair, vai acontecer que nem com a minha vizinha, que foi pegar um prato de comida para um homem e quando voltou ele tinha levado todas as panelas", afirmou.
Contatado novamente ontem pela Folha, o Daerp informou por meio da Coordenadoria de Comunicação da prefeitura que enviaria técnicos ao bairro hoje para verificar a possibilidade de drenar o excesso de água do lago.
Segundo o chefe da Divisão de Esgotos da autarquia, a cheia ocorreu por causa da intensidade da chuva, que contribuiu para o afloramento do lençol freático, localizado a apenas 50 m daquela área.
No dia da enchente, os dois filhos da cantora, um de 13 e outro de 5 anos, passaram cinco horas em cima de um guarda-roupas esperando resgate porque o orelhão mais próximo da casa de Souza não funcionou.


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