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Só cidade sem laranja está livre de greening
Estudo do Fundecitrus aponta que doença já surgiu em 55 cidades da região
Os outros 35 municípios que não têm greening não são grandes produtores de laranja; citricultores já substituem plantações
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Somente 35 municípios da
região de Ribeirão Preto estão
livres do greening, doença considerada o câncer da citricultura. As outras 55 cidades já registraram infestação. Os dados são
do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura).
A doença, que não tem cura,
causou o corte de 600 mil árvores apenas no segundo semestre do ano passado na região.
A situação é considerada crítica porque, desses municípios
ainda livres do greening, nenhum tem produção relevante
de laranja. Entre as cidades ainda sem o registro da doença estão Sertãozinho -que concentra seis usinas de açúcar e álcool-, Batatais, Buritizal, Colômbia, Guariba, Jardinópolis,
Morro Agudo, Orlândia e Pradópolis, todas canavieiras.
Além delas, Franca, Cristais
Paulista, Jeriquara e Pedregulho, fortes produtoras de café,
estão na lista. Isso praticamente equivale a dizer que, onde há
citricultura, há greening na região de Ribeirão.
De acordo com o levantamento do Fundecitrus, feito
com dados de abril, o greening
foi detectado em 24% dos talhões -área com cerca de 200
pés de laranja- do Estado. Em
Araraquara, grande produtora
da fruta, a infestação já atingiu
56,3% dos talhões.
O pesquisador do Fundecitrus Cícero Augusto Massari
considera o avanço do greening
surpreendente. De acordo com
ele, a previsão era de que a infestação arrefecesse após os
alertas lançados por entidades
do setor nos últimos anos.
O problema, segundo o presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores), Flávio Viegas, é que o controle do greening depende exclusivamente do produtor, e o
preço para erradicar um pé de
laranja é maior do que o valor
arrecadado com a produção da
árvore, diz.
De acordo com o presidente
da Associtrus, o produtor gasta
R$ 4 para cortar cada planta,
enquanto o preço pago pela caixa de laranja de 40 kg não passa
de R$ 3,50.
O setor da citricultura já reivindicou aos governos -estadual e federal- uma indenização para cada planta erradicada, segundo Viegas. O tratamento seria semelhante ao dado a criadores de gado atingidos por febre aftosa, que recebem indenização pelo sacrifício
dos animais.
"Estou há 30 anos no setor e
acho que essa é a praga que vai
acabar com a laranja", diz o citricultor José Roberto Burgarelli, que acha que o fim da cultura da laranja na região pode
acontecer em três anos.
Dono de plantações em Itápolis, Arealva, Cafelândia e Iacanga, ele diz já ter arrancado
3.000 árvores.
O produtor Jaime Micheletti, de Itápolis, diz já ter começado a plantar cana e milho no lugar da laranja. Antes, os pés de
laranja ocupavam 90% da área
de suas três propriedades
-agora, não passam de 50%.
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