Ribeirão Preto, Sábado, 13 de Junho de 2009

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Só cidade sem laranja está livre de greening

Estudo do Fundecitrus aponta que doença já surgiu em 55 cidades da região

Os outros 35 municípios que não têm greening não são grandes produtores de laranja; citricultores já substituem plantações

JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Somente 35 municípios da região de Ribeirão Preto estão livres do greening, doença considerada o câncer da citricultura. As outras 55 cidades já registraram infestação. Os dados são do Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura).
A doença, que não tem cura, causou o corte de 600 mil árvores apenas no segundo semestre do ano passado na região.
A situação é considerada crítica porque, desses municípios ainda livres do greening, nenhum tem produção relevante de laranja. Entre as cidades ainda sem o registro da doença estão Sertãozinho -que concentra seis usinas de açúcar e álcool-, Batatais, Buritizal, Colômbia, Guariba, Jardinópolis, Morro Agudo, Orlândia e Pradópolis, todas canavieiras.
Além delas, Franca, Cristais Paulista, Jeriquara e Pedregulho, fortes produtoras de café, estão na lista. Isso praticamente equivale a dizer que, onde há citricultura, há greening na região de Ribeirão.
De acordo com o levantamento do Fundecitrus, feito com dados de abril, o greening foi detectado em 24% dos talhões -área com cerca de 200 pés de laranja- do Estado. Em Araraquara, grande produtora da fruta, a infestação já atingiu 56,3% dos talhões.
O pesquisador do Fundecitrus Cícero Augusto Massari considera o avanço do greening surpreendente. De acordo com ele, a previsão era de que a infestação arrefecesse após os alertas lançados por entidades do setor nos últimos anos.
O problema, segundo o presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores), Flávio Viegas, é que o controle do greening depende exclusivamente do produtor, e o preço para erradicar um pé de laranja é maior do que o valor arrecadado com a produção da árvore, diz.
De acordo com o presidente da Associtrus, o produtor gasta R$ 4 para cortar cada planta, enquanto o preço pago pela caixa de laranja de 40 kg não passa de R$ 3,50.
O setor da citricultura já reivindicou aos governos -estadual e federal- uma indenização para cada planta erradicada, segundo Viegas. O tratamento seria semelhante ao dado a criadores de gado atingidos por febre aftosa, que recebem indenização pelo sacrifício dos animais.
"Estou há 30 anos no setor e acho que essa é a praga que vai acabar com a laranja", diz o citricultor José Roberto Burgarelli, que acha que o fim da cultura da laranja na região pode acontecer em três anos.
Dono de plantações em Itápolis, Arealva, Cafelândia e Iacanga, ele diz já ter arrancado 3.000 árvores.
O produtor Jaime Micheletti, de Itápolis, diz já ter começado a plantar cana e milho no lugar da laranja. Antes, os pés de laranja ocupavam 90% da área de suas três propriedades -agora, não passam de 50%.


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