Ribeirão Preto, Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009

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Lagoa transborda e mar de lama invade avenida do Café

Via ficou interditada por dez horas e prefeitura retirou 30 caminhões de barro

Volume de chuva na noite e madrugada em Ribeirão atingiu 47 mm; em 11 dias, já choveu 142,4 mm, perto da média histórica do mês


David Marçal/Folha Imagem
Vista da av. do Café na madrugada de ontem; via foi invadida por lama, após lagoa de contenção de usina de asfalto transbordar

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
DOUGLAS SANTOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A chuva forte registrada a partir das 22h15 de anteontem em Ribeirão Preto -e que se prolongou pela madrugada- provocou deslizamento de terra da usina de asfalto da prefeitura e transformou a avenida do Café em um mar de lama.
A via é uma das principais da cidade, ligando a região central a bairros como a Vila Tibério e o campus da USP (Universidade de São Paulo).
É a primeira vez que o problema acontece na região, segundo a prefeitura e moradores ouvidos pela Folha.
A terra invadiu a avenida porque a lagoa de contenção de água construída na usina de produção de massa asfáltica da prefeitura, localizada nas costas de um morro, não conseguiu suportar o volume da água, que transbordou. A pista da avenida, no sentido centro-bairro, ficou interditada por dez horas, de acordo com a Secretaria da Infraestrutura.
Ao transbordar, a água cheia de terra desceu por galerias pluviais, o que não deveria ter acontecido. As tubulações da galeria, que têm cerca de 1,5 metro de diâmetro, entupiram e a lama retornou para as casas.
Segundo moradores, pelo menos dez imóveis ficaram cheios de lama.
"O muro de casa já caiu duas vezes por causa da força da água, mas nunca veio barro como hoje [ontem]. Fico preocupada agora se chover de novo e todo esse morro vir abaixo", afirmou a diarista Aparecida Maria da Paz, 43, uma das moradoras da avenida.
Ela mora na mesma casa há cinco anos e disse que já se acostumou com a quantidade de água que desce pelo barranco. O muro dos fundos da casa da diarista possui buracos para ajudar a escoar a água.
A filha de Maria, a assistente de produção Monique da Paz, 20, mora em uma casa ao lado, que também teve todos os encanamentos entupidos. Ela disse que trabalha em casa fazendo mala direta e quase perdeu todo o material.
"Ainda bem que deu tempo de subir os móveis, senão teria mais prejuízos", disse.
Funcionários da Secretaria de Infraestrutura trabalharam desde a madrugada para limpar a via. Até a tarde, foram retirados 30 caminhões de barro.
Segundo o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), o volume de chuva atingiu 47,5 mm, o maior do mês. A alta precipitação em apenas um dia faz com que a cidade, em 11 dias, já se aproxime da média histórica do mês, 166,8 mm. Do primeiro dia de novembro até ontem, o volume de chuvas havia atingido 142,4 mm.
No bairro Campos Elíseos, houve alagamento no cruzamento das avenidas Francisco Junqueira e Saudade -o trânsito foi interditado. Na avenida Rio Pardo, o muro de uma casa desabou, desalojando a família. Ninguém se feriu, mas a moradora e duas crianças precisaram ir para a casa de parentes.


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