Ribeirão Preto, Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2010

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Valor de ação ajuda a pagar aluguel de ex-colhedora

Migrante ganhou indenização por hora extra e por FGTS não depositados

Trabalhadora lesionou ombro na lavoura de laranja e diz que mal consegue limpar a sua casa sem sentir dores

DA ENVIADA A GUARIBA

Acostumada a trançar no ombro direito a caixa com que colhia laranja, Maria das Neves da Conceição, 33, hoje mal consegue arear uma panela ou torcer um pano sem sentir dores.
Ela mora em Guariba com o marido cortador de cana e os dois filhos em uma casa sem reboco ao fundo de outras moradias de migrantes.
Há quatro anos, a família saiu de Codó, no interior do Maranhão, atraídos pela notícia de que poderiam fazer a vida no interior paulista.
Desde que chegou, Maria trabalhou para um condomínio de plantadores de laranja. O ritmo de colheita era de 40, 50 caixas por dia.
A jornada era extenuante: em lavouras mais distantes, ela chegava às 8h e saía às 20h. O almoço era rápido, debaixo dos pés de laranja.
Depois de uma queda da escada enquanto colhia laranjas, há um ano, Maria lesionou o tendão na altura do ombro, e ficou dias afastada.
Foi quando a se irritou com a empresa. "Queriam fazer eu trabalhar assim doente. Pediram para eu voltar ou dariam baixa na carteira. Aí procurei o sindicato."
A ação que ingressou na Justiça pedia acerto pelas horas a mais trabalhadas e também pela falta do FGTS que não depositado.
No acordo, a empresa ofereceu R$ 3.000. Ela aceitou, mas ainda aguarda resposta de outra ação, essa sobre o acidente no trabalho.
Afastada, ganhou R$ 550 mensais de auxílio-doença -a última parcela veio no mês passado. O dinheiro do acordo está sendo depositado em parcelas de R$ 350 há quatro meses. É um alívio para a família, já que tão cedo ela não voltará a trabalhar. O marido ganha R$ 600 na cana e o aluguel custa R$ 110.
"Acho que tem que procurar os direitos, sim. Trabalhar na roça não é fácil."
(JC)

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