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Morte em acidente com mototáxi liga alerta
Garçonete foi atirada contra poste; mototaxistas se multiplicam e oferecem transporte rápido e barato, mas pouco seguro
Rapaz que dirigia a moto iria trabalhar 12 horas; jornadas de até 14 horas e falta de regulamentação são alguns dos problemas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Após trabalhar durante toda
a madrugada, no último domingo, a garçonete Roseli Aparecida de Souza Del Grande, 38,
decidiu ir para a sua casa, no
Heitor Rigon, em Ribeirão Preto, de mototáxi. Ela pegou o
transporte na rodoviária, mas,
quando passava pela Via Norte,
sofreu um acidente.
A moto que levava Roseli, pilotada por mototaxista Marco
Antônio Rosa Júnior, 22, bateu
contra a guia da avenida -a
passageira foi lançada contra
um poste e o mototaxista não se
feriu. Roseli foi atendida na
Santa Casa e liberada. Horas
depois, morreu em sua casa. O
hospital abriu sindicância para
apurar se a paciente recebeu o
atendimento correto.
A morte de Roseli na garupa
de um mototáxi serve de alerta
para uma atividade que, praticamente, não tem fiscalização.
Sem padronização, identificação correta nem normas de segurança, os mototaxistas se
multiplicam pelas ruas, oferecendo transporte rápido e barato, mas, nem sempre seguro.
Rosa Júnior, que dirigia a
moto em que Roseli se acidentou, foi indiciado por lesão corporal culposa, quando não há
intenção de matar. À Folha, ele
disse que estava dentro da velocidade limite de 60 km/h. "O
dia estava nascendo e havia neblina", afirmou.
Há três anos na profissão,
Rosa Júnior afirma que consegue tirar de R$ 70 a R$ 80 por
dia. Diz que o serviço é temporário, mas que voltará para as
ruas assim que consertar a moto. "O prejuízo foi de R$ 400."
No dia do acidente, ele começou a trabalhar à meia-noite e
iria até o meio-dia. Mas, segundo diz, a jornada de 12 horas
era exceção. "Eu estava precisando pagar umas contas."
A jornada ampliada não é incomum na cidade. Agências de
mototáxis visitadas pela Folha
disseram que alguns profissionais chegam a trabalhar até 14
horas por dia.
Segundo a Transerp, há pelo
menos 2.000 mototaxistas na
cidade, sendo que 1.200 vivem
só desse trabalho. Os demais
fazem bicos para aumentar a
renda mensal.
Desempregado, o ex-vigia Aldo Rosalino Filho, 27, trabalha
há três meses como mototaxista, mas diz que vai procurar outro trabalho assim que acabar o
seguro-desemprego.
Marcos Adolfo Oliveira, que
é mototaxista e sócio de uma
agência do setor, diz que é favorável à regulamentação. "Tem
de regularizar o veículo, deixar
identificado para facilitar a fiscalização, como é com os táxis."
Ele disse que em 2008 um dos
motoqueiros da agência foi
atropelado por um caminhão e
morreu na Anhanguera.
Paulo Cesar da Silva, 54, é
mototaxista há 15 anos. Ele
afirma que fez o registro como
microempreendedor individual e paga R$ 61,10 por mês
para ter direto à licença por
acidentes e afastamento.
Mesmo com a regulamentação da profissão, porém, há
quem prefira não utilizar o serviço por questão de segurança.
"Eu não uso e não recomendo",
disse o encanador Márcio Antônio Del Grande, 48, ex-marido da garçonete Roseli.
De acordo com Del Grande, a
ex-mulher usava mototáxi com
frequência.
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