Ribeirão Preto, Domingo, 14 de Março de 2010

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Aplicação de flúor na água de beber gera polêmica

Professor da USP de Ribeirão diz que o elemento químico pode agravar osteoporose; dentistas e entidades médicas contestam

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

A aplicação do flúor na água que é tratada e distribuída pela rede pública gera polêmica entre o setor médico e odontológico de Ribeirão Preto. Enquanto dentistas defendem que o flúor ajuda a combater a formação de cáries, um médico da USP diz que o produto pode agravar doenças.
A adição do elemento químico na água no Brasil começou em 1974, quando foi publicada uma lei recomendando que cidades com estações de tratamento de água incluíssem a fluoretação no programa de tratamento. A quantidade adicionada de flúor deve variar entre 0,6 e 0,8 miligramas por litro de água.
Docente da USP de Ribeirão, o ginecologista Odilon Iannetta afirma que mesmo pequenas quantidades de flúor podem ter efeito acumulativo no organismo e agravar casos de osteoporose, doença que torna os ossos mais propensos a fraturas.
Segundo Iannetta, existe entre 0,1 e 0,4 mg de flúor no sangue. Alimentos como carne de frango, molho de tomate e picolé, e mesmo a água mineral, também contêm flúor. "Pode ser mínimo [a quantidade do flúor na água], mas tendo a pessoa consumido diversos produtos que potencializam o flúor, pode se tornar um risco."
Iannetta é membro do Comflúor, conselho criado na Secretaria da Saúde de Ribeirão para controlar o teor adicionado do elemento à água. A opinião dele é contestada por outros membros do conselho.
É o caso da presidente do Comflúor, Ana Lúcia Barilli, representante da Aorp (Associação Odontológica de Ribeirão). "Não existem dados científicos para comprovar risco de osteoporose. O mundo inteiro usa flúor desde a década de 70 para que as pessoas não tenham cáries", disse.
Presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontologia), Newton Miranda de Carvalho, reforça a recomendação de órgãos internacionais de aplicar o flúor na água . "O assunto é pesquisado há mais de 60 anos e ninguém confirmou outros efeitos que não a fluorose." [Em quantidades excessivas, o flúor pode causar a fluorose dentária, que são manchas esbranquiçadas no dente.]
Entidades médicas também apoiam o uso do flúor na água. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o médico Márcio Passini, da USP de São Paulo, afirma que não há riscos para a saúde porque a quantidade é mínima.
Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia, Sérgio Graff destacou os resultados na fluoretação no combate às cáries. "Sabemos que existem outras "n" razões que podem causar osteoporose."
A assessoria do Ministério da Saúde, em nota, afirmou que "não há estudos científicos internacionais que comprovem a relação entre o flúor e a ocorrência de problemas como câncer e osteoporose."


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