|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aplicação de flúor na água de beber gera polêmica
Professor da USP de Ribeirão diz que o elemento químico pode agravar osteoporose; dentistas e entidades médicas contestam
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
A aplicação do flúor na água
que é tratada e distribuída pela
rede pública gera polêmica entre o setor médico e odontológico de Ribeirão Preto. Enquanto dentistas defendem
que o flúor ajuda a combater a
formação de cáries, um médico
da USP diz que o produto pode
agravar doenças.
A adição do elemento químico na água no Brasil começou
em 1974, quando foi publicada
uma lei recomendando que cidades com estações de tratamento de água incluíssem a
fluoretação no programa de
tratamento. A quantidade adicionada de flúor deve variar entre 0,6 e 0,8 miligramas por litro de água.
Docente da USP de Ribeirão,
o ginecologista Odilon Iannetta
afirma que mesmo pequenas
quantidades de flúor podem ter
efeito acumulativo no organismo e agravar casos de osteoporose, doença que torna os ossos
mais propensos a fraturas.
Segundo Iannetta, existe entre 0,1 e 0,4 mg de flúor no sangue. Alimentos como carne de
frango, molho de tomate e picolé, e mesmo a água mineral,
também contêm flúor. "Pode
ser mínimo [a quantidade do
flúor na água], mas tendo a pessoa consumido diversos produtos que potencializam o flúor,
pode se tornar um risco."
Iannetta é membro do Comflúor, conselho criado na Secretaria da Saúde de Ribeirão para
controlar o teor adicionado do
elemento à água. A opinião dele
é contestada por outros membros do conselho.
É o caso da presidente do
Comflúor, Ana Lúcia Barilli, representante da Aorp (Associação Odontológica de Ribeirão).
"Não existem dados científicos
para comprovar risco de osteoporose. O mundo inteiro usa
flúor desde a década de 70 para
que as pessoas não tenham cáries", disse.
Presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontologia),
Newton Miranda de Carvalho,
reforça a recomendação de órgãos internacionais de aplicar o
flúor na água . "O assunto é pesquisado há mais de 60 anos e
ninguém confirmou outros
efeitos que não a fluorose." [Em
quantidades excessivas, o flúor
pode causar a fluorose dentária, que são manchas esbranquiçadas no dente.]
Entidades médicas também
apoiam o uso do flúor na água.
Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, o médico Márcio Passini, da
USP de São Paulo, afirma que
não há riscos para a saúde porque a quantidade é mínima.
Ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Toxicologia, Sérgio Graff destacou os resultados na fluoretação no combate
às cáries. "Sabemos que existem outras "n" razões que podem causar osteoporose."
A assessoria do Ministério da
Saúde, em nota, afirmou que
"não há estudos científicos internacionais que comprovem a
relação entre o flúor e a ocorrência de problemas como câncer e osteoporose."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frases Índice
|