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Friboi de Barretos demite 10% da equipe
Sindicato conta 350 demissões, mas empresa, que tinha 2.700 funcionários, só admite 276 cortes e fala que é para modernizar
Demissões acontecem na mesma semana em que a empresa anuncia a incorporação de cinco unidades no Mato Grosso
Fotos Edson Silva/Folha Imagem
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Entrada da unidade de Barretos do JBS-Friboi
JEAN DE SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A BARRETOS
A unidade de Barretos do
grupo JBS-Friboi, maior grupo
processador de carnes do mundo, demitiu, na última quarta-feira, véspera de feriado, cerca
de 350 de seus 2.700 funcionários, de acordo com os números
divulgados pelo Sindicato dos
Trabalhadores das Indústrias
de Alimentação de Barretos.
Segundo nota da empresa, foram 276 demissões.
Na frente do frigorífico, ontem à tarde, funcionários da
empresa que não quiseram ter
seu nome revelado disseram
que os cortes foram feitos no
turno da noite. Porém, a reportagem conversou com demitidos que trabalhavam no turno
diurno também. Os rumores
sobre os cortes circulavam na
empresa havia algum tempo, já
que o ritmo de abate na unidade estava bem abaixo da media.
Patrícia Chiarato, 35, do setor de abate, afirmou ter sido
surpreendida pela notícia da
demissão, dada por seu supervisor na última quarta-feira.
Ela afirmou que foi contratada
há cinco meses e não esperava
ser dispensada porque esteve
trabalhando com o braço engessado devido a uma infecção
adquirida no trabalho.
De acordo com Chiarato, o
número de abates caiu desde o
início do ano. Ela disse que,
quando ingressou no Friboi ,
eram abatidos 1.600 bois por
dia em Barretos, mas a quantidade caiu para 700 nas últimas
semanas. Segundo a funcionária, por causa da queda nos abates, ela chegou a ser dispensada
às 10h, seis horas antes do final
do seu turno.
Mais 420 empregos foram
cortados em outras duas unidades do grupo no Estado, em Andradina e Presidente Epitácio.
As demissões aconteceram na
mesma semana em que a empresa anunciou a incorporação
de cinco unidades a suas atividades no Mato Grosso.
De acordo com nota do Friboi, os cortes estão relacionados "a um movimento contínuo
de melhorias da eficiência da
empresa e da modernização
dos parques fabris". Não há relação com quedas nas exportações, afirma a empresa, porque
as novas unidades incorporadas estão certificadas para vender ao exterior, o que fortalece
a posição do frigorífico no mercado mundial de carnes.
Em todo o país, o setor frigorífico sofre com os preços baixos, segundo o presidente da
Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), Péricles
Pessoa Salazar. Além das exportações de carne, que tiveram queda (leia texto nesta página) e só agora começam a recuperar os níveis do ano passado, "mas a preços mais baixos",
o dirigente cita subprodutos da
cadeia, como o couro e o sebo
de boi, cujos preços também
caíram. O couro passou de R$
2,50 o quilo para R$ 0,30.
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