Ribeirão Preto, Terça-feira, 14 de Julho de 2009

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Friboi de Barretos demite 10% da equipe

Sindicato conta 350 demissões, mas empresa, que tinha 2.700 funcionários, só admite 276 cortes e fala que é para modernizar

Demissões acontecem na mesma semana em que a empresa anuncia a incorporação de cinco unidades no Mato Grosso

Fotos Edson Silva/Folha Imagem
Entrada da unidade de Barretos do JBS-Friboi

JEAN DE SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A BARRETOS

A unidade de Barretos do grupo JBS-Friboi, maior grupo processador de carnes do mundo, demitiu, na última quarta-feira, véspera de feriado, cerca de 350 de seus 2.700 funcionários, de acordo com os números divulgados pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Barretos. Segundo nota da empresa, foram 276 demissões.
Na frente do frigorífico, ontem à tarde, funcionários da empresa que não quiseram ter seu nome revelado disseram que os cortes foram feitos no turno da noite. Porém, a reportagem conversou com demitidos que trabalhavam no turno diurno também. Os rumores sobre os cortes circulavam na empresa havia algum tempo, já que o ritmo de abate na unidade estava bem abaixo da media.
Patrícia Chiarato, 35, do setor de abate, afirmou ter sido surpreendida pela notícia da demissão, dada por seu supervisor na última quarta-feira. Ela afirmou que foi contratada há cinco meses e não esperava ser dispensada porque esteve trabalhando com o braço engessado devido a uma infecção adquirida no trabalho.
De acordo com Chiarato, o número de abates caiu desde o início do ano. Ela disse que, quando ingressou no Friboi , eram abatidos 1.600 bois por dia em Barretos, mas a quantidade caiu para 700 nas últimas semanas. Segundo a funcionária, por causa da queda nos abates, ela chegou a ser dispensada às 10h, seis horas antes do final do seu turno.
Mais 420 empregos foram cortados em outras duas unidades do grupo no Estado, em Andradina e Presidente Epitácio. As demissões aconteceram na mesma semana em que a empresa anunciou a incorporação de cinco unidades a suas atividades no Mato Grosso.
De acordo com nota do Friboi, os cortes estão relacionados "a um movimento contínuo de melhorias da eficiência da empresa e da modernização dos parques fabris". Não há relação com quedas nas exportações, afirma a empresa, porque as novas unidades incorporadas estão certificadas para vender ao exterior, o que fortalece a posição do frigorífico no mercado mundial de carnes.
Em todo o país, o setor frigorífico sofre com os preços baixos, segundo o presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), Péricles Pessoa Salazar. Além das exportações de carne, que tiveram queda (leia texto nesta página) e só agora começam a recuperar os níveis do ano passado, "mas a preços mais baixos", o dirigente cita subprodutos da cadeia, como o couro e o sebo de boi, cujos preços também caíram. O couro passou de R$ 2,50 o quilo para R$ 0,30.


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