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Acusados de racismo são soltos
após 12 h
Os 3 estudantes de medicina detidos pagaram fiança de R$ 5.580 cada um e devem responder o processo em liberdade
De acordo com a Polícia Civil, jovens bateram um tapete nas costas de um auxiliar de serviços gerais de 55 anos e gritaram "ô, nego"
Edson Silva/Folha Imagem
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Os estudantes de medicina acusados de racismo e de bater em um homemde 55 quando ia para o trabalho ao deixarem o 1ºDP
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os três estudantes de medicina presos em flagrante anteontem à tarde em Ribeirão
Preto acusados de racismo foram soltos 12 horas depois de
detidos. O juiz Ricardo Braga
Monte Serrat aceitou o pedido
de liberdade provisória apresentado pelos advogados Hélio
Rocha e Carlos Mancini.
Emilio Pechulo Ederson, 20,
Felipe Giron Trevizani, 21, e
Abrahão Afiune Júnior, 19, que
estão no segundo ano do curso
no Centro Universitário Barão
de Mauá, em Ribeirão, foram
flagrados por um frentista de
posto e por dois vigilantes batendo com o tapete do carro nas
costas de Geraldo Garcia, 55. A
vítima, que é auxiliar de serviços gerais no COC, ia de bicicleta para o trabalho, por volta das
6h de anteontem.
Os universitários foram liberados anteontem à noite do 2º
DP (Distrito Policial), onde estavam detidos, após pagarem
fiança individual no valor de 12
salários mínimos, o equivalente a R$ 5.580. Eles passaram
cerca de 12 horas detidos em
dois DPs e vão responder ao
processo em liberdade.
Segundo Monte Serrat, a decisão foi baseada em um acórdão do STJ (Superior Tribunal
de Justiça) que, ao analisar um
caso semelhante ao ocorrido
em Ribeirão, entendeu que os
acusados cometeram crime de
injúria qualificada, por causa
da conotação racista. Esse crime, ao contrário do de racismo,
é afiançável.
Ao ser comunicado pela Folha da decisão da Justiça, Garcia, que afirma ser negro, se
disse "revoltado". "É muito
triste isso. Quer dizer que a lei
só existe no papel? Só porque
eles têm dinheiro eles não ficam presos?" A suposta vítima
disse, porém, que não pretende
processar os jovens.
Por causa da força da pancada em suas costas, Garcia conta
que se desequilibrou da bicicleta, caiu no chão e machucou a
coxa. Segundo ele e o delegado
Mauro Coraucci, os estudantes
vibraram após a agressão, gritaram "ô, nego", e saíram cantando os pneus do carro. Os advogados dos três estudantes
negaram a ofensa.
Os três rapazes viajaram com
os pais para suas casas em
Campinas, em Goiânia e no Pará. A Folha não conseguiu conversar com familiares ontem.
O advogado Mancini afirmou
que vai tentar localizar e identificar o vigilante que, ao flagrar a cena, perseguiu e deteve
os universitários sob ameaça
de uma arma. Um dos estudantes foi agredido com socos e segurado pela gola da camisa, de
acordo com o advogado Rocha.
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