Ribeirão Preto, Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2009

Próximo Texto | Índice

Acusados de racismo são soltos
após 12 h

Os 3 estudantes de medicina detidos pagaram fiança de R$ 5.580 cada um e devem responder o processo em liberdade

De acordo com a Polícia Civil, jovens bateram um tapete nas costas de um auxiliar de serviços gerais de 55 anos e gritaram "ô, nego"

Edson Silva/Folha Imagem
Os estudantes de medicina acusados de racismo e de bater em um homemde 55 quando ia para o trabalho ao deixarem o 1ºDP

VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os três estudantes de medicina presos em flagrante anteontem à tarde em Ribeirão Preto acusados de racismo foram soltos 12 horas depois de detidos. O juiz Ricardo Braga Monte Serrat aceitou o pedido de liberdade provisória apresentado pelos advogados Hélio Rocha e Carlos Mancini.
Emilio Pechulo Ederson, 20, Felipe Giron Trevizani, 21, e Abrahão Afiune Júnior, 19, que estão no segundo ano do curso no Centro Universitário Barão de Mauá, em Ribeirão, foram flagrados por um frentista de posto e por dois vigilantes batendo com o tapete do carro nas costas de Geraldo Garcia, 55. A vítima, que é auxiliar de serviços gerais no COC, ia de bicicleta para o trabalho, por volta das 6h de anteontem.
Os universitários foram liberados anteontem à noite do 2º DP (Distrito Policial), onde estavam detidos, após pagarem fiança individual no valor de 12 salários mínimos, o equivalente a R$ 5.580. Eles passaram cerca de 12 horas detidos em dois DPs e vão responder ao processo em liberdade.
Segundo Monte Serrat, a decisão foi baseada em um acórdão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que, ao analisar um caso semelhante ao ocorrido em Ribeirão, entendeu que os acusados cometeram crime de injúria qualificada, por causa da conotação racista. Esse crime, ao contrário do de racismo, é afiançável.
Ao ser comunicado pela Folha da decisão da Justiça, Garcia, que afirma ser negro, se disse "revoltado". "É muito triste isso. Quer dizer que a lei só existe no papel? Só porque eles têm dinheiro eles não ficam presos?" A suposta vítima disse, porém, que não pretende processar os jovens.
Por causa da força da pancada em suas costas, Garcia conta que se desequilibrou da bicicleta, caiu no chão e machucou a coxa. Segundo ele e o delegado Mauro Coraucci, os estudantes vibraram após a agressão, gritaram "ô, nego", e saíram cantando os pneus do carro. Os advogados dos três estudantes negaram a ofensa.
Os três rapazes viajaram com os pais para suas casas em Campinas, em Goiânia e no Pará. A Folha não conseguiu conversar com familiares ontem.
O advogado Mancini afirmou que vai tentar localizar e identificar o vigilante que, ao flagrar a cena, perseguiu e deteve os universitários sob ameaça de uma arma. Um dos estudantes foi agredido com socos e segurado pela gola da camisa, de acordo com o advogado Rocha.


Próximo Texto: Para reitor, poucos casos de racismo são punidos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.