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Volume de crédito chega a R$ 14,5 bilhões
Montante emprestado no ano passado por bancos das dez maiores cidades da região supera em mais de R$ 10 bi o total de 1999
Crescimento econômico e mudanças na legislação tornaram a concessão de crédito menos arriscada para as instituições
Silva Junior/Folha Imagem
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A auxiliar de limpeza Luizete do Nascimento, com a filha Poliana, sai da financeira Ibi, em Ribeirão
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os bancos da região de Ribeirão Preto nunca viram sair tantos bilhões de seus cofres como
no ano passado. Em uma década, o valor emprestado na região aumentou em mais de R$
10 bilhões, mostra levantamento da Folha feito a partir de dados do Banco Central.
Em 2009, R$ 14,5 bilhões foram emprestados nas dez
maiores cidades da região para
alavancar novos negócios, financiar carros, casas, parcelar
compras ou simplesmente remediar situações de emergência. Dez anos antes, em 1999, o
montante foi de R$ 3,3 bilhões.
As explicações para o
"boom" no crédito, segundo especialistas, vão do crescimento
econômico nos últimos anos a
reformas nas leis, que tornaram os empréstimos menos arriscados e os bancos, menos
ariscos para concedê-los.
Além disso, nesse intervalo, a
taxa de juros no Brasil atingiu
seu piso histórico, o que tornou
o dinheiro mais barato.
Para o presidente do BRP
(Banco Ribeirão Preto), Nelson
Rocha Augusto, a escalada dos
empréstimos aponta para o dinamismo da economia local,
que tem se aproveitado do aumento da renda da população
para alavancar o crescimento.
As locomotivas dessa expansão, segundo Rocha, foram setores como construção civil,
agronegócio e serviços de saúde e educação. O aumento do
crédito só foi possível, porém,
porque as empresas estão mais
estruturadas para receber os
recursos, disse Rocha.
Entram na equação também
os consumidores que aproveitaram os juros mais baixos e a
maior disponibilidade de dinheiro na praça para adquirirem bens como eletrodomésticos, carros e imóveis, segundo
o diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da ACI-RP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Antonio Vicente Golfeto.
Um dos ribeirão-pretanos
beneficiado pela onda crescente do crédito é a auxiliar de limpeza Luizete do Nascimento
Ferreira, 28.
Há sete anos, ela teve acesso
a seu primeiro cartão de crédito. Hoje, utiliza o recurso que o
banco Ibi lhe disponibiliza para
suprir a lacuna entre as idas ao
supermercado e a chegada do
salário. Paga R$ 300 de parcela,
mas admite que já extrapolou
seu limite e teve de renegociar
dívidas com o banco.
Na ciranda do crédito, o consumo em alta de pessoas como
Elizete anima os empresários a
investirem mais, provocando a
demanda por dinheiro para novas plantas, equipamentos e
transporte, entre outros.
No caso da Simisa-HPB, empresa criada recentemente em
Sertãozinho para disputar a liderança no mercado de caldeiras do Brasil, 70% dos R$ 60
milhões que serão investidos
nos próximos cinco anos vão
ser captados com bancos.
Segundo o diretor-superintendente da Simisa-HPB, José
Luiz Aguiar, mais linhas de financiamento de instituições
como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) facilitaram o
acesso ao crédito nos últimos
anos. O nível de exigência dos
bancos para disponibilizar o dinheiro, contudo, continua alto,
na opinião dele.
Apesar do montante recorde
de dinheiro emprestado na região, Rocha, do BRP, acredita
que há ainda bastante espaço
para o avanço do crédito. O
crescimento da economia brasileira projetado para 2010 -
acima dos 5%- irá impulsionar
essa alta, afirmou ele.
O nível de endividamento,
contudo, deve ser visto com
cautela para não provocar uma
onda de inadimplência e contaminar outros setores da economia, afirmou Golfeto.
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